Após uma ausência de três anos, em que viajou e foi mãe de Flor, 1 ano, Joana Solnado voltou à televisão em “Belmonte”, com uma personagem misteriosa: Inês, a mulher do malvado Carlos (Marco D’Almeida).
Estes foram o projeto e a personagem ideal para regressar?
Sinceramente, o que me levou a aceitar, além do autor, Artur Ribeiro, de que gosto muito, foi o elenco, que é fora do comum. É bom trabalhar com pessoas que não estão tão habituadas a fazer televisão, como o Filipe Duarte, a Manuela Couto e a Marco D’Almeida, e que trazem energia nova. Quando me começaram a dizer nomes, a resposta foi “é para já” e não estou nada arrependida.
Foi preciso coragem para estar sem trabalhar durante três anos?
Não foi uma questão de coragem mas de necessidade. Tinha acabado de fazer “Sentimentos”. Gravava imenso e ainda tinha uma peça à noite. Não tive um esgotamento, no entanto, cheguei a um estado de exaustão. Não podia continuar a viver dessa forma. Tive mesmo de parar, sair desta máquina em que gravamos 18 horas por dia. É impossível fazermos a coisa com amor, com paixão. Fui no resgate desse prazer.
E viajou?
Sim, fui realizar coisas que queria ter feito quando era mais nova, mas comecei a trabalhar cedo, aos 17. Fui ser miúda outra vez, voltar atrás no tempo. Viajei imenso, vivi em culturas muito diferentes, sempre de mochila às costas e sozinha, que é a melhor maneira de fazer. Ninguém sabia quem era a Joana Solnado e isso deu-me um prazer enorme. Foi das coisas mais importantes que fiz na vida.
Entretanto, voltou e chegou a maternidade…
A maternidade chegou no momento certo. Fiz a pausa toda juntinha: viajei, fui mãe, esperei para ver a Flor crescer um pouco e chegou a este projeto.
Não teve medo que a ausência a pudesse prejudicar como atriz?
Não. Fiz o que era importante para mim e acredito que a vida trabalha a nosso favor. Se não me chamassem para nada, era porque não tinha de ser. Tinha de ser outra coisa. Não sou muito apegada à carreira, até porque acho que não vou ser atriz a vida inteira.
Porquê?
Não sei. Tenho a sensação que haverá um momento em que vou querer um desafio maior, vou querer superar-me. Há de chegar uma altura em que vou querer fazer outra coisa.
Está a pensar numa carreira internacional? Já fez uma novela no Brasil…
Já pensei nisso muitas vezes, principalmente no Brasil. Tive oportunidade de lá ter ficado e não o fiz, porque as pessoas que amo são mais importantes. Antes de mais, está a família. É como a questão de não estar a fazer uma protagonista. Não estou porque tenho uma filha bebé e quero vê-la. Não sou de estatutos nem de patamares. Estou-me a borrifar para isso. E se precisar de fazer mais uma pausa de três anos, faço.
É comum levar a sua filha para as gravações?
Para os estúdios, não, mas para exteriores já levei. Quero estar com ela sempre que possível, mas há momentos em que não é, porque temos de focar-nos muito naquilo que fazemos e ela exige muita atenção.
Ser mãe marcou-a?
Muito. Foi, sem dúvida, a coisa mais importante da minha vida. A mais incrível que me aconteceu. Se soubesse, já tinha tido filhos há mais tempo. Estou a adorar.
É uma mãe babada?
Sou tão apaixonada por tudo o que tenha a ver com ela que sou a mãe babada que sempre achei que não ia ser. Digo os clichés todos, mostro vídeos, fotos. Sinto um orgulho enorme, acho que é linda de morrer e é uma tagarela como a mãe.
A Flor é mais parecida com quem?
É uma grande mistura. É muito clarinha, tem olhos azuis, cabelo loiro, mas tem as feições do pai. É uma mistura muito engraçada.
Já pensou em ter mais filhos?
Pensei nisso no momento em que a tive. Foi fantástico. Mas com o passar do tempo, vamo-nos apercebendo do trabalho que dá. Gostava de ter mais filhos, no entanto também quero viver bem estas fases todas da Flor, por isso vou esperar uns aninhos.
Como é a gestão familiar, com uma bebé e dois enteados?
Tenho uma casa cheia. Somos cinco e é incrível! Temos uma harmonia familiar que não pensei que existisse e sinto-me uma sortuda por isso.
Pensa casar-se?
Não me faz falta, mas gostava de fazer uma grande festa. Isso já está nos planos.
Cozinha em casa ou é o seu companheiro quem o faz?
Nunca cozinho em casa. O Nuno delicia-nos com os seus pratos de comida saudável. A Flor tem umas sopas ótimas feitas pelo pai.