Quinze meses depois do fatídico acidente de viação que provocou a morte a Sara Carreira ainda não há conclusões nem foram apuradas as responsabilidades na tragédia. Depois de Tony Carreira e Fernanda Antunes, assistentes no processo, terem requerido a abertura da instrução – por não concordarem com a totalidade da acusação proferida pelo Ministério Público (MP) de Santarém – e dos quatro arguidos no caso também terem optado por esse recurso legal, tudo parecia estar encaminhado para que o caso avançasse, eis que surge um novo revés. De acordo com uma publicação diária, a juíza do Tribunal de Instrução Criminal de Santarém decidiu anular a acusação sobre a morte de Sara Carreira e mandou o Ministério Público refazer o documento. Para a magistrada, há uma “nulidade que abrange a acusação”, visto que não está referido se Ivo Lucas e Cristina Branco são acusados do crime de homicídio por negligência na forma simples ou grosseira (cujas penas são diferentes). Além disso, a juíza também pretende que seja esclarecido por que motivo é que o condutor Paulo Neves, que tinha uma taxa de álcool de 1,18 g/l e conduzia a uma velocidade inferior à prevista por lei, ficou de fora da acusação de homicídio por negligência.
Sem fim à vista
Perante esta anulação da magistrada do Tribunal de Instrução Criminal, o processo está de volta ao Ministério Público. A procuradora poderá refazer o despacho de acusação inserindo estas especificações ou então pedir nova produção de prova. Caso opte por esta segunda possibilidade, o processo irá continuar a arrastar-se nas malhas da Justiça, uma vez que terão de ser tomadas certas diligências mais morosas. Assim sendo, poderá ser só no final do ano, quando já terão passado quase dois anos da morte da jovem cantora, que o caso chegue finalmente a julgamento e fique apurado o que realmente aconteceu naquele fim de tarde chuvoso de 5 de dezembro de 2020. Quem olha para mais este atraso com tristeza e angústia são os pais de Sara, Tony e Fernanda, que veem ainda longe o desfecho deste capítulo das suas vidas que para eles é fundamental encerrar. O “cantor dos sonhos” já teceu, nas redes sociais, duras críticas à Justiça portuguesa. Tony e a ex-mulher estão a colaborar com Ministério Público e pretendem ver Ivo Lucas, Cristina Branco e Paulo Neves no banco dos réus.