Já corre num tribunal de Aveiro o julgamento que opõe os pais de Hélio Filipe (a outra vítima mortal no acidente) aos pais de Angélico (que conduzia). Os pais de Hélio consideram que foi o cantor o responsável pelo desastre. O carro circulava a mais de 200 km/hora quando um pneu rebentou, de acordo com perícias. Pedem, por isso, uma indemnização de 236 mil euros: 230 mil euros por danos não patrimoniais (80 mil euros por perda de direito à vida, 50 mil euros por danos morais dos herdeiros e 100 mil euros para alimentos à mãe). O pedido de indemnização cível inclui ainda 6 mil euros por danos patrimoniais (por despesas com o funeral, 1000 euros para roupas de luto e 500 euros para a roupa e pertences de Hélio Filipe)
Exagerada
A quantia terá sido considerada “manifestamente exagerada” pelo Fundo de Garantia Automóvel, também visado na acção que corre no Juízo de Grande Instância Cível de Aveiro. O pedido de indemnização abrange ainda o stand Auguscar e o anterior proprietário do automóvel.
Por apurar
O que o tribunal vai apurar é se os pais do Hélio têm direito à indemnização que peticionam, qual o valor da mesma e quem será responsável pelo seu pagamento. Ou seja: a) quem é que à data do acidente era o proprietário do veículo;
b) qual a verdadeira causa do acidente;
c) qual a velocidade a que circulava;
d) se os pneus tinham as medidas em conformidade com a Lei;
e) se Hélio Filipe utilizava o cinto de segurança;
f) se Hélio ajudava financeiramente a mãe;
g) onde residia Hélio à data do acidente;
h) qual a profissão de Hélio e os rendimentos que auferia;
i) quais as despesas dos pais de Hélio tidas na sequência da morte do seu filho.
O emaranhado de questões jurídicas por esclarecer é tal que, provavelmente, o juiz deste processo cível (Aveiro) pedirá informações ao seu colega do Tribunal da Póvoa de Varzim, onde decorre o processo-crime.
Processo-crime na Póvoa
Para apurar as responsabilidades criminais do acidente, por iniciativa do Ministério Público (MP) (e não por decisão dos pais de Angélico) corre na Póvoa de Varzim outro processo, cujo estado se desconhece.
O advogado João Magalhães (que defende Augusto Fernandes, dono do stand Auguscar) considera que, independentemente de o carro já ter sido adquirido, ou apenas cedido, a questão da culpa já está devidamente averiguada. Segundo este advogado, o acidente precipitou-se unicamente devido à velocidade a que Angélico Vieira conduzia.
Auguscar agora é Impocar
Na altura do acidente, o stand chamava-se Auguscar. Entretanto, mudou de designação e é hoje o Imporcar. Um stand da Póvoa de Varzim, conhecido por vender e alugar carros de alta cilindrada a famosos do mundo do espectáculo e do futebol.
Pais de Angélico vs. Auguscar
Recentemente, os pais de Angélico e o dono do stand Auguscar não chegaram a acordo sobre os montantes da indemnização que ambas as partes exigem uma à outra. A família de Angélico (Filomena e Mílton Vieira) exige 134 mil euros ao dono do stand. Consideram que o carro não era propriedade do ex-D’ZRT, que os pneus não estavam em condições e duvidam da assinatura que aparece no documento de venda do BMW.
O advogado João Magalhães defende não ter havido falsificação de assinatura, estando a mesma devidamente autenticada através de BI e carta de condução do jovem cantor. Augusto Fernandes, por sua vez, afirma ser ainda credor de uma verba (cerca de 180 mil euros) relativa ao valor do BMW que diz ter sido adquirido por Angélico Vieira. O empresário, que entregou um jipe à mãe do cantor um mês depois da sua morte, reclama ainda o pagamento da reparação de outros dois veículos de Angélico.