O homem que a deteve é um velho inspector da PJ de Coimbra que anos antes lhe tinha dado o estágio. Encontraram-se na PJ. Ele confrontou-a com diversas questões. Ana não prestou declarações. O velho inspector dos homicídios disse-lhe não ter outra alternativa senão prendê-la. Deu-lhe um beijo de despedida e prendeu-a, contou à tvmais fonte próxima da investigação. Oito dias depois do crime, Ana Saltão ficou em prisão preventiva (seis meses) na cadeia de Santa Cruz do Bispo, até meados de Maio. Depois saiu e ficou sujeita a apresentações periódicas às autoridades na Maia, onde reside. Outra medida de coacção acessória foi a suspensão de funções na PJ.
Investigação
A ausência de sinais de arrombamento no apartamento da avó dos inspectores em Coimbra e a falta de indícios de roubo levaram logo a PJ a suspeitar de alguém que fosse familiar da vítima. Catorze meses depois da morte de Filomena Gonçalves, 80 anos (avó do próprio marido da inspectora), que foi morta a tiro, o Ministério Público (MP) acusa Ana Saltão de ter sido a autora dos disparos que vitimaram a idosa, por questões ligadas a dificuldades económicas. Relatórios de autópsia da vítima, perícias balísticas e avaliações forenses à roupa e às mãos da inspectora, bem como análises financeiras da sua vida, dos seus cartões crédito e contas bancárias e do seu computador fazem parte do rol de provas que o Ministério Público (MP) juntou na acusação.
Pistola Glock
No acto que tirou a vida à octogenária foram disparados 14 tiros de uma pistola da PJ. A análise dos invólucros e das cápsulas revela que faziam parte de um lote de munições da PJ Porto. A arma não foi encontrada, mas a acusação considera que terá sido a pistola Glock de uma inspectora colega da arguida. Esta outra inspectora tinha reportado o desaparecimento da sua arma, duas semanas antes do homicídio. Decorrente da forma como empunhou a arma e face ao considerável número de tiros, “a corrediça da arma provocou ferimento na mão direita da arguida”, diz a acusação.
Advogada e inspectora
À data dos factos, Ana Saltão andava a ser tratada (desde Agosto de 2011), a uma depressão e estava a ser medicada por psiquiatria. Tinha sido submetida a uma intervenção cirúrgica dias antes. Nunca confessou qualquer crime e manteve-se em silêncio. Segundo a acusação, na origem estiveram dívidas que teria para com a vítima e o desejo de se apoderar de parte da herança desta. Nesta altura, está em liberdade, obrigada a apresentações periódicas, mas o MP requereu que aguarde julgamento em prisão domiciliária e que a inspectora seja julgada por um tribunal de júri.
Advogada, formada em Coimbra, polícia desde 2006, Ana tinha classificação de Muito Bom na PJ, muito embora a tvmais tenha apurado que em 2011 foi punida na PJ com uma pena de repreensão escrita (suspensa por um ano), por violação do dever de correcção no exercício de funções. Se for condenada pelo crime de homicídio qualificado da sua avó (por afinidade) pode ser punida com uma pena entre os 12 e 25 anos de prisão.