
Foi concebida em outubro de 1992, mas só há dois meses veio ao mundo. Molly nasceu de um embrião que – tal como o da sua irmã mais velha e biológica Emma (hoje com 3 aninhos de vida) – foi congelado há 28 anos. A recém-nascida ganha assim o recorde da bebé cujo embrião esteve mais tempo preservado a baixas temperaturas, superando o título que era, precisamente, da sua irmã. O casal do Tennessee (EUA), Tina e Ben Gibson, que agora é pai destas duas meninas, enfrentou problemas de fertilidade durante cerca de cinco anos. Até que os que pais da norte-americana ouviram uma história sobre a doação de embriões através de um canal de rádio local.
A professora primária, de 29 anos, e o marido, de 36, que é analista de segurança cibernética, resolveram avançar com o processo de adotar um embrião e serem pais de uma criança que não é geneticamente relacionada com eles. E, para tal, contactaram a NEDC – National Embryo Donation Center (Centro Nacional de Doações de Embriões, na zona de Knoxville, fundado há 17 anos), uma organização cristã e sem fins lucrativos, que armazena embriões congelados de pacientes que recorreram a fertilização in vitro e optaram por doá-los.
Geneticamente Irmãs
Há três anos, chegou ao clã Gibson a pequena Emma, cujo embrião estava congelado há 24. E, em outubro deste ano, a segunda filha do casal, Molly, 28 anos depois de o embrião ser preservado. “É a única razão pela qual partilhámos a nossa história. Se os meus pais não tivessem visto a notícia, não estaríamos aqui. Estamos nas nuvens. Eu ainda fico emocionada. Se me tivessem dito há cinco anos que não teria apenas uma filha mas, sim, duas, diria que era loucura”, afirmou Tina Gibson ao canal BBC, acrescentando: “Ficámos completamente apaixonados por ter um bebé. E, com a Molly, sentimo-nos da mesma forma. É até engraçado. Pensámos: Lá vamos nós bater outro recorde mundial”.
Na verdade, Emma e Molly são geneticamente irmãs, uma vez que os seus embriões foram congelados em conjunto, em 1992. Por incrível que posso parecer, Tina Gibson tinha, nessa altura, apenas 1 ano de vida. Prevê-se que exista cerca de um milhão de embriões humanos congelados e armazenados nos EUA, de acordo com o NEDC. Cerca de 95% dos casais que recorrem a este procedimento um pouco por todo o mundo sofrem problemas de infertilidade.
Prazo de validade infinito
Existem vários critérios a ter em conta na hora de selecionar os doadores mais apropriados às características que os novos papás pretendem para os bebés, tais como a idade, história demográfica ou familiar. Porém, o casal Gibson optou por restringir-se à altura e peso, para reduzir o números de opções de doadores que lhes foram apresentadas. “Não nos importamos com a aparência do bebé, de onde veio. O meu marido e eu somos pessoas baixas, então reduzimos as opções usando altura e peso como critério, procurando doadores parecidos connosco”, garantiu Tina Gibson.
Mark Mellinger (diretor de desenvolvimento e marketing do NEDC) garante que o “prazo de validade” dos embriões é quase infinito: “É possível que algum dia nasça um embrião com 30 anos. Sentimo-nos honrados e privilegiados por fazer este trabalho e ajudar casais a formarem as suas famílias”. O presidente e diretor da mesma instituição, Jeffrey Keenan, frisou que tanto Emma como Molly são a prova de que embriões antigos não devem ser descartados, principalmente com a tecnologia a avançar a cada dia que passa. Recorde-se que o primeiro bebé nascido de um embrião congelado – após o surgimento da fertilização in vitro – aconteceu em 1984 na Austrália. Já em Portugal, segundo dados de 2016, existiam cerca de 21 mil embriões congelados. Em 2015, foram doados a casais 44 e 331 foram descongelados e eliminados.
