Quase uma semana depois de Joana Marques ter feito as primeiras piadas com Diogo Faro no “Extremamente Desagradável”, o humorista decidiu partilhar uma resposta a todos os pontos pelos quais foi criticado. Através de um vídeo que publicou nas redes sociais, explicou algumas das suas posições e também deixou algumas críticas à radialista.
Diogo Faro começa por explicar a sua visão de mundo e a causa que defende: “Que toda a gente possa viver de forma digna e livre, com paz, pão, habitação, saúde e educação”, disse. “Não estou a falar do argumento idiota e infantil: ‘Ah, és anticapitalista mas tens smartphone’. Sim, quem o fez foram os trabalhadores. E eu não quero que as empresas de smartphones deixem de existir, só quero que os seus trabalhadores recebam bem e não sejam explorados”.
É quando o humorista faz a primeira crítica a Joana Marques. “Eu nunca faria campanha para uma consultora imobiliária que contribui para a especulação que está a fazer sofrer tanta gente na crise de habitação. Ou não faria para uma empresa como a Mc Donald’s que distribui refeições gratuitas para os soldados israelistas em pleno genocídio, sei lá para terem força para matar mais pessoas”, disse Diogo Faro. De recordar que Joana Marques fez parcerias publicitárias com uma consultora imobiliária da Century 21 em 2023 e é um dos rostos a fazer campanhas publicitárias para a rede de fastfood.
Idiotas úteis
Depois, o humorista justificou as suas afirmações sobre trabalho. “Se não tivesse sido tirado do contexto, como é habitual, se calhar percebia-se melhor a minha visão sobre o trabalho”. Diogo Faro então explicou que é “privilegiado” por poder fazer um trabalho que gosta, mas que mesmo assim não quer “trabalhar mil horas por dia” e que quer ter tempo livre para estar com “amigos e família”. É quando o humorista afirma: “É fácil ser ridicularizado pelos idiotas úteis seja os mais privilegiados seja os que nem sequer são privilegiados e que seriam muito beneficiados numa mudança do pensamento coletivo”.
Sobre os seus pedidos por financiamento coletivo no Patreon, Diogo Faro justifica que pede ajuda para poder produzir conteúdos “de forma independente”. “Se eu critico tanto uma instituição como a Igreja Católica, que está recheada de abusadores sexuais de menores, e que é um disparate de gastos de dinheiro com jornadas mundiais da juventude, e mais todas as críticas àquela instituição horrorosa – não é à fé, eu separo a fé da instituição, mas é uma instituição horrorosa. É normal que eu nunca possa a vir a ser contratado por uma rádio católica”.
De recordar que o “Extremamente Desagradável” é uma rubrica que Joana Marques tem dentro do programa “As 3 da Manhã” da Rádio Renascença, uma rádio que pertence ao Patriarcado de Lisboa e à Conferência Episcopal Portuguesa.
Humilhação coletiva
Na sequência, Diogo Faro comenta os muitos comentários de ódio que recebeu através das redes sociais e não só. “É bizarro o nível de ódio que eu recebo”, disse, em primeiro lugar. “O nível de violência nas mensagens e comentários que recebo é bizarro nesta situação, nestes dias”. Depois o humorista revelou: “Alguém arranjou o número da minha mãe. Ligaram à minha mãe para a insultar, para insultarem a mim”.
Então o humorista justificou o que disse anteriormente sobre “odiar ricos”. “Querer que as grandes fortunas sejam mais taxadas não é ódio. Eu não quero que eles morram, não quero que tragam de volta as guilhotinas”. E foi quando Diogo Faro fez uma crítica direta ao trabalho de Joana Marques e chamou o “Extremamente Desagradável” de “humilhação coletiva”, uma resposta a tudo o que viveu nos últimos dias.
“É fixe pensarmos nas consequências de pegar alguém e pôr no centro da atenção do país todo e fazer uma humilhação coletiva. Eu estou fixe, sou uma figura pública, sei que estou exposto a isto, aceito, estamos aí. Mas e quem não está habituado a nada disto? À exposição? Está no seu cantinho, foi a um podcast que ninguém ouve, fez uma coisa pequeníssima, e de repente é posto no centro do furacão e é humilhado pelo país todo, isto tem consequências. Conheço pessoas a quem isto já aconteceu e tem consequências graves para a sua saúde mental. Não sei se não é altura de pensarmos se isso é uma coisa que vale à pena, que é eticamente responsável e etc.”