Apesar de ter começado a representar antes de atingir a maioridade, Laura Cardoso continua a falar da sua profissão com a mesma paixão. Aos 85 anos, a atriz, filha de pais portugueses, é uma das mais antigas ainda em atividade e diz ter prazer em trabalhar com as novas gerações. Nos estúdios da TV Globo, onde está a gravar “Gabriela”, Laura falou da sua Dorotéia e do enorme desejo de ser sempre melhor. “Ela é uma beata meio ruim. A Dorotéia tem um passado muito mau de certeza para ser assim preconceituosa, cheia de raiva, de ódio daquelas moças. Esta personagem foi criada pelo Walcyr Carrasco. Não existia na novela original”, explica a atriz, feliz com a “invenção” do autor: “É uma personagem interessante, dá para brincar, mudar o modo de falar, de andar… é rica! Fiquei contente”.
Apesar de ter quase 70 anos de carreira, Laura continua a ficar nervosa sempre que tem uma nova personagem em mãos. “Gosto do meu trabalho e respeito-o muito. Penso sempre que posso fazer melhor. Sou muito autocrítica”, assume. “Foi um tormento para mim começar a gravar ‘Gabriela’ porque achava que estava tudo uma m… É uma aflição! O realizador dizia que estava bem, mas para mim não chega. Sou daquelas que não quer competir, mas ganhar”, conta, garantindo que esta é uma postura que mantém desde sempre e que talvez seja responsável por uma carreira tão longa, que já soma 60 anos a fazer novelas (a atriz estreou-se em 1952, na extinta TV Tupi, em “Tribunal do Coração”).
Considerada uma das melhores atrizes do Brasil, Laura Cardoso diz que é tão difícil fazer comédia como drama. E explica: “Representar é uma coisa muito difícil, porque temos de criar algo que tem de ser verdadeiro. Temos de acreditar e fazer com que os outros acreditem”. Modesta e de olhar doce (tão diferente de Dorotéia!), a atriz garante: “Estamos sempre a aprender. Gosto de trabalhar com gente jovem porque aprende-se muita coisa com eles. Vêm com ideias novas, com sonhos, propostas…é muito bom”.