O caso chegou à barra dos tribunais há dois anos mas só agora é que se tornou do conhecimento público que Cláudio Coelho, de 32 anos, está envolvido no processo “Jogo Duplo”, um caso relacionado com a viciação de resultados no futebol português. De acordo com o despacho da Acusação do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa, o ex-concorrente da sexta edição de “Casa dos Segredos” é um dos 27 arguidos e está acusado, em coautoria material e na forma consumada, de um crime de corrupção ativa em competição desportiva.
Segundo consta do processo, o crime foi cometido a 28 de agosto de 2015, pelas 21.15 horas. “Via WhatsApp, Cláudio Coelho ofereceu a João Pedro Carvalho, jogador de futebol do Clube Oriental de Lisboa, e a Daniel Almeida, também jogador desse clube, 12 mil euros a cada um para facilitarem a derrota desse clube em jogo da época 2015/2016 em que participassem, metade a pagar antes e a outra depois do jogo, assim como 6 mil euros por cada penálti que cometessem no decurso do mesmo.” A mensagem, que foi recuperada do telemóvel de Cláudio Coelho e que está transcrita no processo, não deixa margem para dúvidas. “Boa noite, mano! Espero que estejas bem. Como o prometido é devido e não gosto de falhar com a palavra, tenho 12 k para ti, mais 12 k para o Dani, para um próximo jogo. 50% antes e 50% depois. Vocês merecem o resto que entraram 6 k mais 6 k por penalty. Se tiveres interessado. diz-me algo. Abraço!”, pode ler-se.
De acordo com o que a revista TvMais apurou, o objetivo do antigo participante do reality show era conseguir fazer dinheiro com apostas on-line, um ofício a que se dedicava na altura em que participou no programa da TVI. Aliás, o crime aconteceu sensivelmente um ano antes de o jovem entrar na casa mais vigiada do país com o segredo: “Dormi no quarto do Cristiano Ronaldo.” Na época, Cláudio deu a entender que teve um relacionamento com Katia Aveiro, algo que a irmã de CR7 nunca confirmou. Com base no diploma relativo ao regime jurídico de responsabilidade penal por comportamentos antidesportivos, “quem, por si ou por interposta pessoa, com o seu consentimento ou ratificação, der ou prometer a agente desportivo, ou a terceiro com conhecimento daquele, vantagem patrimonial ou não patrimonial, que lhe não seja devida, com o fim indicado no artigo anterior, é punido com pena de prisão de um a cinco anos”.
O que quer dizer que, em última instância, Cláudio Coelho arrisca passar meia dezena de anos atrás das grades. A leitura do acórdão do julgamento, na qual se ficaria a conhecer a pena dos 27 arguidos, estava prevista para 31 de janeiro, mas foi adiada para as 14 horas do dia 28 de fevereiro devido à alteração não substancial de factos promovida pelo coletivo de juízes. “Há alguns factos, vários, que poderão, face à prova produzida em julgamento, à prova que consta do processo, à prova documental, às escutas, ser suscetíveis de eventual redação diferente relativamente àquela que consta da [despacho de] pronúncia”, explicou à imprensa o presidente do coletivo de juízes, Luís Ribeiro.
Contactado pela revista TvMais, Cláudio Coelho foi parco em palavras, mas fez questão de deixar clara a sua posição e o seu estado de espírito no que ao processo “Jogo Duplo” diz respeito. “Quero dizer apenas o mesmo que o juiz irá decretar no dia 28: que sou inocente dos factos que me são imputados”, afirmou o jovem, mostrando-se, assim, muito confiante na sua absolvição.
Texto publicado originalmente na edição n.º 1412 da revista TvMais.