Quem a vê não imagina como são os seus dias. É um dos maiores nomes da ficção em Portugal e tem tido dias muito agitados. É que, para além do ritmo intenso a que grava a novela “Sangue Oculto” ainda é psicóloga, dá consultas, e tem toda uma vida pessoal para gerir: como mãe, mulher e avó. Como se tudo isto não bastasse, decidiu voltar a estudar. O segredo para conseguir conjugar todas estas vertentes da sua vida é organização. E saber aproveitar muito bem cada minuto. Carla Andrino é Naná em “Sangue Oculto”: “Estou exausta mas feliz.”
“A minha melhor profissão é fazer a gestão do tempo. Não ter tempo para perder tempo é a minha máxima de vida. Não perco tempo, por isso há tempo para tudo o que é importante para mim”, afirma, em primeiro lugar, de sorriso rasgado. Após duas novelas em que teve personagens com uma carga dramática mais acentuada, a atriz regressou ao registo comédia com a Naná de “Sangue Oculto”.
E esta personagem tem-lhe sugado muita energia. “Não é fácil. Chego a casa exausta, mas sempre muito feliz. A Naná está sempre em alta, é sempre tudo ‘muito’, é muito eufórica”, começa por apontar, acrescentando: “Por outro lado, esta personagem também me dá a liberdade para improvisar, o texto já é grande e eu acrescento, mas sempre em alta e chego a casa e digo ‘Oh, Naná, tu estás a dar-me trabalho’. Mas é bom”. Mal soube que ia interpretar esta mulher, Carla Andrino começou a construí-la e o grande desafio foi “não fazer nada que já tivesse feito”.
“Esta mulher é uma mulher feliz”
“Não sabia bem para onde é que a Naná ia, mas, desde o princípio, não queria que ela fosse para a Manuela Telles de Brito [da novela “Doce Tentação”, exibida em 2012]. Foi uma personagem que gostei muito de fazer, que me marcou e não queria colar-me ali de maneira nenhuma”, lembra, em primeiro lugar. Logo no arranque das gravações, percebeu que estava no caminho certo: “Um elemento da equipa – e eu dou muito valor à equipa – veio dizer-me que estava a olhar para mim e que a tia dele era igualzinha à Naná. Pensei logo: ‘Então isto não é fora’. O ser sem filtro, o rir-se para tudo. Esta mulher é uma mulher feliz. Está tudo a cair ao lado dela, não sei se entra em negação, às vezes ponho-me a pensar que não quero ser a psicóloga da Naná”, diz, entre risos.
“A Naná fica no estúdio, onde vive”
Para não se deixar consumir pela personagem, a atriz tem um truque. “Desligo mal termino a cena. Descalço os sapatos, quem vai para casa é a Carla, vou almoçar já como Carla, quem vai no meu carro é a Carla, quem liga para o marido a dizer ‘amor, acabou o dia, está tudo bem’, quem vai ao consultório é a Carla. A Naná fica no estúdio, onde vive.” Feliz com a reação do público, Carla Andrino recorda as palavras que Miguel Falabella partilhou consigo: “Ele dizia que não somos nós que escolhemos as personagens, elas é que nos escolhem a nós. E eu tenho pensado: ‘Que sorte a Naná me ter escolhido a mim para representá-la’. Dou o meu melhor, mas é um bombom. Estou muito exausta, vou cansada para casa, mas com o sentimento de dever comprido”, afiança.
Voltou a estudar
Continuar a trabalhar como psicóloga é-lhe fundamental. E, para além de dar consultas, decidiu voltar a estudar. “Estou a tirar uma especialização avançada em terapia familiar e de casal”, revela, acrescentando que fica sempre nervosa. “E tenho a dizer-lhes que tirei um 18,5 e um 20. E ainda tive Covid! Adoro estudar, adoro estar viva! Se é para fazer, é para fazer. Se não é para fazer, diz-se não, que tem o mesmo número de letras do que o sim”, afirma.
Uma avó muito babada
Carla Andrino é uma avó muito babada dos seus quatro meninos, filhos dos seus rebentos, Marta e Martim. E faz questão de ser muito presente na vida dos petizes. Porém, garante que nenhum vê a novela da SIC. “Eles deitam-se às 21 horas. Meia hora antes vão para a cama contar a história e nem se apercebem. Eles sabem que a avó é atriz, faz teatro, aparece na televisão e é muito lindo que um deles, o Manuel, diz que ‘a minha avó tem duas profissões: é atriz e tratadora de pássaros da alma’. Acho isto genial”, revela, primeiramente, de sorriso babado.
Para a atriz, é mais importante para os netos “eu ser a avó deles ou a tratadora de pássaros da alma do que a atriz. Eles não me vão ver ao teatro, são pequeninos, também não me veem na televisão. Estão noutra. O tempo que estou com eles não é para lhes mostrar o trabalho que faço mas a mulher que sou”, assume, em suma.
Percorra, por fim, a galeria de imagens. Carla Andrino é Naná em “Sangue Oculto”