A passagem para uma vida a dois traz consigo algumas modificações na vida sexual de um casal. O casamento é um marco, não só em termos afectivos, como também sexuais. Nos tempos que correm muitos casais mantêm uma vida íntima activa, durante anos, antes de darem este passo. Mas ainda assim, quando um casal já se conhece bem sexualmente, algumas pressões psicológicas tendem a aparecem após o casamento e a resultar em problemas sexuais.
A pressão de uma boa performance sexual aumenta depois do casamento. Enquanto são solteiros, os membros do casal têm presente que, se algo correr mal, podem sempre terminar o namoro e partir para um novo relacionamento. Após o casamento, outros valores – e interesses – se levantam e já é mais complicado dar o assunto por terminado. Depois, há que contar ainda com os pressupostos de lealdade e fidelidade, com que nem todos são capazes de lidar e que podem ser um foco de grande pressão para alguns homens e mulheres.
Iniciativa privada
A vontade de se ter relações sexuais num determinado momento não ocorre, de um modo geral, aos dois parceiros em simultâneo. Essa é uma decisão que envolve “negociações” e, na maior parte das vezes, a iniciativa é tomada de forma indirecta, por exemplo, com a sugestão de um banho ou uma sesta. Para evitar a rejeição, muitos casais optam por clarificar o momento, combinando dias específicos da semana. E, apesar de hoje em dia, a mulher ter um papel activo na relação sexual, é ainda o homem que toma mais vezes a iniciativa: apenas cerca de 20 por cento das mulheres dão o primeiro passo na cama. Estes dados podem significar que o homem compreende melhor a (“tradicional”) rejeição da mulher, ao passo que esta, mais defensiva, encara a recusa do homem como uma ofensa pessoal, ou seja, que ele não está interessado nela como mulher.
Quantidade e qualidade
Uma das grandes dúvidas que se colocam ao casal é a frequência com que será “normal” terem relações sexuais. Com o passar do tempo é natural que a relação sexual vá sofrendo alterações no capítulo da frequência. Apesar da falta de dados sobre o assunto, diversos estudos apontam para que, após o casamento, um casal na casa dos vinte anos, tenha relações sexuais, em média, três vezes por semana. Depois, a frequência vai baixando com a idade. Mas devagarinho: um estudo norte-americano revelou que entre casais na casa dos cinquenta anos, a frequência era ainda de uma vez por semana. Existem, obviamente, grandes variações a estes números. O mesmo estudo dava também conta de uma pequena percentagem de casais que não tinha tido relações sexuais nos 12 meses anteriores. E porque a qualidade também é importante, o mesmo estudo incluía uma pergunta sobre quanto tempo os casais dedicavam ao acto amoroso: entre os inquiridos, apenas 9 por cento faziam amor durante mais de uma hora, contra 16 por cento dos casais que confessavam não ultrapassar os 15 minutos.
Vencer a rotina
Muitas são as razões que podem estar na origem de uma quebra na frequência de relações sexuais entre dois indivíduos casados. É natural que, à medida que a outra pessoa seja mais e mais familiar, seja menor a excitação de se fazer amor com ela. E para agravar a situação, com os dois parceiros a trabalharem, não é fácil conjugar a vida familiar – e íntima – com a profissional. A chegada a casa no final de um intenso dia de trabalho, é normalmente o encontro de duas pessoas demasiado cansadas para o amor. E, por fim, mas não menos importante, há que considerar a chegada de filhos como mais um factor de perturbação na vida sexual de um casal. Tanto pela atenção que requerem quando ainda são bebés, como pelo receio de que se apercebam do que se está a passar quando são mais crescidos. Cabe aos casais tomarem medidas práticas para vencerem a rotina e o aborrecimento na cama.
Sem tabus
Longe vai o tempo em que determinadas práticas sexuais não eram incluídas no repertório de duas pessoas casadas, por serem consideradas pouco próprias de uma mulher honrada. O sexo oral, por exemplo, já passou a ser frequente – diríamos mesmo indispensável! – na vida de um casal. Um estudo norte-americano revela que mais de 70 por cento dos casais não dispensa o sexo oral. No que diz respeito ao sexo anal, são menos os adeptos, mas ainda assim estima-se que cerca de 20 por centos dos casais adiram regularmente a esta prática.