Focado, trabalhador e sempre pronto para um desafio. Assim é um dos mais talentosos concorrentes da segunda temporada de “Hell’s Kitchen”, que começou a cozinhar por acaso e já levou o nome de Portugal além-fronteiras. Mas, para chegar onde está, perdeu muito da sua juventude e hoje só quer deixar os pais orgulhosos
A competição ainda mal começou e Rafael Pombeiro já está a dar que falar, sobretudo por ser um dos mais talentosos candidatos desta edição. Ljubomir Stanisic, de resto, já o considerou mesmo um dos candidatos com mais potencial. Mas, por detrás do sorriso, o concorrente da Moita tem um percurso marcado por muitas privações em prol do seu grande objetivo: vingar no mundo da cozinha. Em miúdo praticou vários desportos, desde o futebol ao atletismo, passando pela ginástica, entre muitos outros. E foi graças ao irmão, Rui, que descobriu o mundo da cozinha. “O Rafael não queria seguir Ciências ou Humanidades, estava mais numa de um curso profissional. Nessa altura, o Rui estava na Escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal e ele decidiu ir para lá”, recorda um amigo do concorrente à TvMais. O curso de cozinha e pastelaria foi amor à primeira vista. “Ele que nunca tinha explorado esse meio, encontrou um amor que desconhecia. Tornou-se um pouco workhaolic e focou-se em estar sempre a crescer”, acrescenta. Ainda durante o curso, fez vários estágios e, com apenas 15 anos, já vivia sozinho. “Arranjou um estágio num restaurante em Cascais e foi para lá viver durante três meses, claro que sempre com o apoio dos pais. Quando estava de folga vinha a casa dos pais, caso contrário, era trabalho-casa, casa-trabalho”, prossegue este amigo. Foi nesta fase da sua vida que teve contacto com a equipa olímpica portuguesa, mas não pôde logo ingressar, afinal, tinha de ter mais de 18 anos para o fazer.
Mais tarde conseguiu e fez mesmo parte da equipa olímpica júnior, com a qual chegou a ganhar algumas medalhas. A sede de aprender sempre o moveu e depois desta primeira experiência, ainda na escola, aos 18 anos, começou a estagiar no Hotel Ritz, em Lisboa. “Foi um momento muito marcante da vida dele. E quando acabou o curso, o chef executivo do hotel convidou-o para ir para lá trabalhar. O Rafael nem pensou duas vezes e aceitou”, contam-nos. Por lá esteve durante dois anos, chegando a cruzar-se com um concorrente da primeira temporada (ver caixa). Mais uma vez, foi a vontade de crescer e acrescentar conhecimento que o fez sair da sua zona de conforto. “Ele estava muito bem lá, ia subir de posição, ficar efetivo e, sem pensar duas vezes, explicou aos seus superiores que no final do contrato se iria embora. Mesmo sem ter mais nada em vista. Os pais disseram-lhe que era maluco, mas ele fê-los ver que queria mais, queria um desafio diferente”, acrescenta este amigo. E é aqui que se dá uma das histórias mais curiosas da sua vida. Uma das entrevistas que conseguiu foi para o restaurante Belcanto, em Lisboa. Ficou muito entusiasmado, mas a resposta não foi a que desejava. “O chef disse-lhe que tinham gostado dele, mas que não havia nenhuma vaga, apenas para um estágio de três meses, não remunerado. Como o Rafael já era independente, já tinha as suas coisas e não queria depender dos pais, agradeceu, mas acabou por recusar”, referem-nos. Mas o episódio não terminou aqui. “Acabaram por voltar a falar com ele e propuseram-lhe duas semanas de estágio para ver como se adaptava. O Rafael aceitou e ao fim da primeira semana disseram-lhe logo que tinham arranjado uma vaga. Foi uma fase muito boa da vida dele, até porque evoluiu muito”, prossegue. De então para cá, aventurou-se por muitos outros restaurantes e chegou mesmo a ser subchef do Sublime Comporta, que viria a deixar em 2019, pouco tempo antes de a pandemia de Covid-19 parar o mundo. E, mais uma vez, a sua vida viria a mudar.
Tentaram destruir-lhe o negócio
Rafael Pombeiro estava há poucos meses a trabalhar no restaurante Prado, em Lisboa, quando acabou por ser dispensado. “Ele tinha sido o último a entrar, logo foi o primeiro a sair, com os restaurantes a fechar quando o mundo parou”, conta um outro amigo. Jovem e com tantos sonhos ainda por concretizar, não ficou parado. Em casa, teve uma ideia para um negócio próprio. Começou a fazer pokes (pratos havaianos de peixe cru, marinado, servido em cubinhos) e a dá-los a provar a amigos. “Deram-lhe um ótimo feedback e ele arranjou um logótipo, mandou fazer uns autocolantes, começou a página no Instagram e foi um fenómeno no verão de 2020”, revela uma das nossas fontes. Todavia, o sucesso acabou por lhe causar alguns transtornos. “Quando o verão estava quase a terminar, recebeu um telefonema anónimo, em género ameaçador, a dizerem-lhe que sabiam que ele não tinha licença, que fazia as coisas em casa e o Rafael não quis arriscar e decidiu fazer uma pausa”, completa. Mas como a sua cabeça não parava, surgiu uma nova ideia, também por intermédio de um amigo, e começou a ir cozinhar a casa de quem o contratava. “Hoje tem trabalhado em conjunto com uma empresa de catering e eventos que já está a um nível muito elevado. Ainda no fim de ano esteve na Madeira em trabalho”, diz-nos um dos amigos. Apesar de todas os contratempos, o concorrente de “Hell’s Kitchen” não é de desistir e tudo tem feito para vingar neste meio, mesmo que isso lhe tenha já custado muito na vida pessoal. “Esta não é uma profissão fácil, requer muita dedicação e desde que começou o Rafael abdicou de muitos momentos, natais que não passou em família, aniversários, celebrações importantes. Mas foi por um bem maior e ele diz sempre que o seu grande objetivo é dar à família o que eles lhe deram ao longo dos anos e sentir que os deixa orgulhosos”, finaliza esta fonte.