Choque, pânico, medo e desespero. Sentimentos que invadem o coração de Sónia Jesus, de 29 anos. A ex-concorrente de “Big Brother 2020”, grávida de 22 semanas, viu o pai das suas filhas, Vítor Soares, ser detido pela GNR no dia 1 de junho no âmbito das diligências relacionadas com a operação policial denominada “Semente em Pó”. O comunicado de imprensa, divulgado pelo Comando Territorial da GNR de Bragança, dá conta que “o Núcleo de Investigação Criminal (NIC) de Mirandela, nos dias 31 de maio e 1 de junho, desenvolveu uma operação policial que culminou na detenção de cinco homens e uma mulher, com idades compreendidas entre os 32 e os 55 anos de idade, e no desmantelamento de uma rede organizada que se dedicava ao cultivo e tráfico de estupefacientes na zona norte do País, nos concelhos de Mirandela, Boticas, Chaves, Valpaços e Vila Nova de Gaia”. A TvMais sabe que Sónia Jesus ficou devastada com a detenção do marido, mas que o apoia incondicionalmente. Carlos Duarte, advogado de Vítor Soares, contou à nossa revista que a ex-concorrente “está ao lado dele” e “confiante de que tudo correrá pelo melhor”. No entanto, Sónia está impedida de ver o pai das filhas, pelo menos por enquanto. “Por causa da pandemia, o Vítor tem de cumprir um isolamento de sete dias e não pode estar com ninguém. Eu próprio ainda não estive com ele”, explicou. A TvMais tentou entrar em contacto com a mulher de Vítor Soares, mas não conseguiu.
No entanto, a mãe de Maiara, de 9 anos, Naisa, de 6, e do menino que ainda carrega no ventre, em declarações ao programa da TVI “Dois às 10” reforçou o seu apoio ao marido. “Toda a história tem um contexto, várias versões e a verdade. Esta última, neste momento, só ele a sabe. Independentemente de qual seja essa verdade, vou estar sempre, mas sempre, ao lado do Vítor porque ele é o pai das minhas filhas, é o amor da minha vida. No bem e no mal, vou estar sempre com ele”, disse. À nossa revista, Carlos Duarte explicou que o seu constituinte está indiciado “apenas no crime de tráfico de estupefacientes e que não há qualquer ligação a armas”, uma vez que, além da detenção dos seis indivíduos – que resultou de nove mandados de buscas domiciliárias e 15 mandados de buscas em veículos, anexos e estabelecimentos –, foram apreendidos diversos itens de material ilícito, entre eles armas de fogo e armas brancas.
Apreensão policial
• 500 doses de cocaína
• 26 doses de haxixe
• 40 doses de folhas
de canábis • 63 plantas de canábis
• Sementes de canábis
• 4 balanças de precisão
• Objetos e produtos relacionados com a produção, doseamento e embalamento de produto estupefaciente
• 5275 euros em numerário
• 2 caçadeiras
• 1 revólver de calibre .22
• 1 arma de ar comprimido
• 2 bastões extensíveis
• 2 catanas
• 554 munições de diversos calibres
• 11 telemóveis
• 2 computadores portáteis
• 1 tablet
Ligações perigosas
No âmbito da investigação que decorria há cerca de dois anos, “os militares da Guarda identificaram uma rede organizada de tráfico de estupefacientes que se dedicava à aquisição de cocaína, nos distritos do Porto e Vila Real”. Foi possível apurar-se que “o produto estupefaciente era tratado, acondicionado e enterrado em locais ermos, no concelho de Mirandela, para ser revendido a consumidores”. Paralelamente a essa atividade, o grupo “cultivava plantas de canábis, aproveitando locais em que a vegetação não permitia detetar a presença das mesmas, procedendo à sua secagem e embalamento em armazéns, no concelho de Mirandela, para posteriormente a vender aos consumidores”. Outro dos detidos e que aguarda pela formalização da acusação em prisão preventiva, tal como Vítor Soares, é Amílcar Teixeira, pai de Edmar Teixeira, colega da “casa mais vigiada do País” de Sónia.
Aliás, foi nos bastidores de uma das galas do programa em que os dois arguidos marcavam presença para apoiar os seus familiares que se conheceram, estreitaram laços e decidiram “unir” os respetivos “negócios”, uma vez que, alegadamente, o pai de Edmar também se dedicava ao tráfico de droga. Carlos Duarte não desmente estas considerações. “A fazer fé nas notícias que surgiram, isso corresponde à verdade”, disse. Assim sendo, “é provável que no decorrer das investigações se recorram a testemunhas e provas que possam fundamentar essas ligações”, ou seja, quem também esteve na referida gala, desde outros concorrentes a familiares, passando por elementos da produção, pode vir a ter de prestar declarações. De acordo com um jornal diário, o progenitor de Edmar vendia estupefacientes no seu estabelecimento comercial, o Café Central, em Mirandela. Além de Vítor Soares e Amílcar Teixeira, os outros detidos são um irmão deste último, uma engenheira da Câmara Municipal de Mirandela e o respetivo marido e um homem residente em Boticas. A operação desencadeada contou com o reforço do Grupo de Intervenção de Operações Especiais (GIOE), do Grupo de Intervenção de Ordem Pública (GIOP), da Unidade de Intervenção (UI), do Destacamento de Intervenção (DI) de Coimbra, dos Núcleos de Investigação Criminal (NIC) de Bragança e Vila Real, do Núcleo de Apoio Operativo (NAO) de Bragança, das Secções Cinotécnicas de Bragança e Vila Real, dos Postos Territoriais de Mirandela, Torre de Dona Chama, Vila Flor, Carrazeda de Ansiães, Boticas e Chaves, do Núcleo de Proteção Ambiental (NPA) de Mirandela, da Secção de Prevenção Criminal e Policiamento Comunitário (SPC) de Mirandela e com o apoio da Polícia de Segurança Pública (PSP).Cadastro prejudica a defesa
Apesar de já não estar sob pena suspensa, Vítor Soares foi condenado em 2016 a cinco anos de prisão por tráfico de droga, o que pode prejudicar, e muito, a sua defesa. “É um facto que o passado dele não o ajuda em nada”, admite o seu advogado, que está a tomar as diligências necessárias para recorrer da prisão preventiva e que o seu cliente aguarde a decisão do tribunal em liberdade. “Temos 30 dias para apresentar o recurso que já está em fase de elaboração”, contou. Carlos Duarte explicou que não há motivos para manter o seu constituinte detido. “Não se justifica que fique em prisão preventiva porque há um conjunto de provas que não foi confirmado por elementos no terreno, as provas são todas com base em chamadas telefónicas”, diz, explicando que, além disso, há o facto de a mulher do arguido estar numa fase delicada por causa da gravidez e não deve ser privada da companhia dele. Todos os detidos foram presentes a um primeiro interrogatório no dia 2 de junho, no Tribunal Judicial de Mirandela, e Vítor Soares não confirmou se os estupefacientes alegadamente apreendidos em sua casa eram para tráfico ou consumo próprio. “O meu cliente não prestou declarações. Mais para a frente vai falar, por agora ainda não”, disse Carlos Duarte. A ser condenado, Vítor Soares pode enfrentar uma pena até 12 anos de prisão. “Quem, sem para tal se encontrar autorizado, cultivar, produzir, fabricar, extrair, preparar, oferecer, puser à venda, vender, distribuir, comprar, ceder ou por qualquer título receber, proporcionar a outrem, transportar, importar, exportar, fizer transitar ou ilicitamente detiver, plantas, substâncias ou preparações (…) é punido com pena de prisão de 4 a 12 anos”, consta na legislação de combate à droga.