Quem a vê não imagina que a 2 de dezembro fará 60 anos. É que Judite Sousa continua praticamente igual ao que víamos diariamente nos ecrãs da TVI até meados de 2019. Um ano depois de ter deixado o canal, a jornalista está dedicada a outras coisas. Foi a moderadora da apresentação da mais recente obra de José Rodrigues dos Santos, “O Manuscrito de Birkenau”, e conversou com a TvMais sobre a nova vida. De vermelho e com um sorriso nos lábios, a comunicadora admitiu sentir-se bem e feliz. “Trabalhei durante muitos anos e chegou o momento em que precisava de tempo para mim, para pôr as ideias no seu devido lugar. Há uma altura na nossa vida em que temos de saber fazer uma pausa ou até reinventarmo-nos. Estou entre uma fase e a outra”, disse, explicando em seguida: “Tenho feito várias coisas, como conferências, dado aulas, tenho estado com os meus amigos, descansado e aproveitado para ler”. Para além disso, encontrou um novo hobby: o exercício físico. “Tenho feito muita ginástica, praticamente todos os dias. Preocupo-me muito com a minha saúde física e em não ficar perra. E gosto! A dada altura custa, para quem não estava habituada como eu, mas a fazer todos os dias, e ainda por cima tendo um ginásio perto de casa, torna-se mais fácil”, sublinhou.
Com uma carreira de quatro décadas, a jornalista não esconde que sente falta do ambiente de uma redação. “Tenho, sobretudo, saudades da adrenalina nas redações, aquele período entre as seis da tarde e as oito da noite em que toda a gente está a correr de um lado para o outro para ultimar o “Jornal” das 20 h. Tenho saudades desse tempo, mas mantenho-me em contacto com os meus amigos da comunicação social e tudo corre normalmente”, reforçou Judite Sousa, ela que continua muito atenta a tudo o que se faz. “Não quis afastar-me deste mundo. Leio tudo e procuro ver aquilo que me interessa. Tento estar sempre atualizada, ver os jornais da noite, ler as revistas e os jornais.”
Desde que deixou a TVI, em novembro de 2019, não teve qualquer abordagem para regressar à televisão. “A hipótese de um convite não se colocou. E acho que também não se vai pôr agora. Mas não sei, não sei responder [se aceitaria um convite irrecusável]. Estou a sentir-me bem com a vida que tenho levado. Uma vida mais tranquila”, garantiu, revelando que recebe várias mensagens de pessoas que dizem ter saudades de a ver nos ecrãs. Ainda assim, não acredita que seja hora de voltar. “Não é uma coisa em que pense muito.
A vida tem várias etapas, vários momentos. Este é o momento de estar mais resguardada.” Agora, Judite Sousa acha que é altura de dar lugar “às gerações mais novas”. “Os mais novos têm de ter oportunidades para conseguirem chegar a posições que eu, tendo começado a trabalhar com 18 anos, consegui. E essa ideia entusiasma-me bastante”, disse, certa de que há muito bons profissionais um pouco por todos os meios.
“O mundo da comunicação, ao nível da decisão editorial, ainda está muito entregue às pessoas da minha geração, mas mais tarde ou mais cedo essa renovação irá acontecer. E é importante que aconteça, que surjam ideias novas, outros olhares sobre o jornalismo, outras ideias. Isso é tudo muito positivo. Não devemos agarrar-nos aos lugares por muito que nos tenha sido difícil conquistá-los. Devemos saber refletir, parar. E se num determinado momento acharmos que é altura de darmos o lugar a outro, fazê-lo sem qualquer tipo de problema e com humildade. Foi isso que fiz, no fundo”, esclareceu.
Em tempos de pandemia, também Judite fez mudanças na sua vida. “Tem sido um período muito difícil para todos, porque o isolamento não foi feito para o ser humano. Esta pandemia veio interpelar-nos a aprender a viver em comunidade de uma forma diferente da que estávamos habituados”, frisou. Assegura que tem estado bem, mas não esconde que é uma privilegiada. “Tenho uma casa com terraço”, lembrou. E tem conseguido estar próxima dos que lhe são mais queridos. “Ainda se vai conseguido estar, com alguma dificuldade, com algum esforço. E há sempre o telefone, que ajuda”, partilhou.