Ao revelar a sua história, Melânia Gomes levantou a questão do abuso sexual a menores. A psicóloga clínica forense Rute Agulhas explica como pode proteger o seu filho
Previna a situação
Surpreendentemente e, como explica a psicóloga: “de uma forma geral, os agressores sexuais são pessoas próximas da criança, com quem mantêm uma relação de confiança e familiaridade”. Por isso, não ensine às crianças a ter alguns cuidados apenas com estranhos.
Para a psicóloga é preciso ensinar os mais novos a pensar que “o meu corpo é meu”. Além disso, devem perceber que “há partes privadas do corpo que não podem ser tocadas de qualquer maneira ou por qualquer pessoa”.
“De uma forma clara e sem tabus nem alarmismos, as crianças devem saber distinguir toques que as fazem sentir-se bem ou mal, a expressar as suas emoções e a distinguir segredos bons (que podem guardar-se) e segredos maus (que devem ser revelados).”
Em paralelo, deve ajudar as crianças a identificar diversas pessoas de confiança a quem podem pedir ajuda em caso de necessidade. “É importante que as crianças saibam que devem continuar a pedir ajuda a outra pessoa, até que alguém acredite e as proteja”, alerta a psicóloga.
Esteja atento a estes sinais:
Rute Agulhas afirma que não existem sinais/sintomas específicos ou exclusivos de situações de violência sexual. “Importa, sobretudo, analisar alterações ao seu padrão de funcionamento habitual”, diz a psicóloga. Porém, há sintomas a que se pode estar alerta, mediante todo um contexto de sintomas. A saber:
Se tem queixas físicas. Fique alerta se tem queixas somáticas, infeções sexualmente transmissíveis, dificuldade em sentar-se, andar ou ir à casa de banho, enurese (perda involuntária de urina) ou encoprese (evacuações, voluntárias ou não).
As emoções dizem muitas coisas. E a dificuldades de atenção e concentração, dificuldades de socialização, baixa autoestima ou medo de alguns adultos, ou situações podem revelar que algo está mal.
Como está o comportamento? Atitude agressiva ou retraído, alterações nos padrões alimentares e/ou de sono ou comportamentos sexuais desadequados para a idade também são exemplos para os quais se deve estar alerta.
E se revelar que foi vítima?
Perante uma revelação de abuso sexual, o adulto a quem a criança revela deve seguir alguns procedimentos. Como, por exemplo, deve mostrar que acredita na criança (“Acredito em ti”). Deve empoderar a criança (“Foste muito corajoso/a”); deve apoiar sem julgar (“Podes contar comigo para te ajudar.” “Vou ajudar-te no que for preciso para que possas sentir-te melhor).” Por fim, o adulto deve evitar fazer perguntas em detalhe. “Porque pode prejudicar a recolha de informação, que deve ser feita pelas entidades competentes”, afirma a terapeuta especialista em famílias.
A quem pedir ajuda
Em caso de suspeita ou revelação, deve pedir ajuda à Polícia Judiciária ou junto dos serviços de saúde, ou ao Ministério Público.