Há dias de sorte. O Violador de Telheiras conseguiu há três semanas ser transferido para a prisão da Carregueira e está agora junto daqueles que melhor o compreendem: violadores e abusadores. Cá fora, as coisas também andam de feição. Sotero recorreu da pena a que foi condenado (25 anos de prisão) e já leu nos jornais que o próprio procurador do Ministério Público (entidade que o acusou no tribunal) vê com bons olhos uma redução na pena.
Carregueira
Apesar de ainda tomar algumas cautelas quando vai ao pátio do recreio, Sotero já fala com alguns dos presos com quem está detido na sua nova casa – o Estabelecimento Prisional da Carregueira, para onde foi transferido há cerca de três semanas. Antes, vivia na ala F, junto dos outros violadores instalados no EP de Lisboa. Agora, na Carregueira, já se começou a adaptar, ainda que aos poucos e com algum medo demonstrado, contou à TV Mais fonte prisional. Nos últimos dias, contou a fonte, Sotero tem revelado estar a ganhar alguma confiança e a integrar-se. Já arrisca conversar com alguns dos seus novos colegas. Muitos, conclui a fonte, percebem bem o que ele sente e o que lhe falta sentir…
Sotero pede desconto
Quando o condenou (13 de Setembro último), a juíza Flávia Macedo disse-lhe que “se pudesse dava-lhe 110 anos”. Henrique Sotero acabou por ser condenado a 25 anos de prisão por crimes de violação, coacção sexual, sequestro, ameaças e roubo. Agora, Sotero interpôs um recurso no Tribunal da Relação de Lisboa, por considerar que a pena foi injusta. O violador de Telheiras quer uma pena mais branda e o procurador que o acusou já disse que pode assistir alguma razão a Sotero porque não foram cometidos crimes de sangue. “Nunca o bem jurídico vida foi violado ou sequer ameaçado pelo arguido”, disse o procurador. A 13 de Setembro, como se adivinhasse esta afirmação, a juíza disse na leitura da sentença “Concordo que não matou ninguém, mas pode-se matar muitas coisas com uma violação”.
71 crimes
De facto, Henrique Sotero não matou ninguém. Cometeu 71 crimes contra 14 raparigas, cujas idades vão dos 12 aos 18 anos. Nenhuma morreu. Mas nenhuma terá uma vida igual à que teve até ser violada/abusada por ele. Entre 2008 e 2009, Sotero usou uma faca para obrigar as vítimas a fazer-lhe sexo oral. Sequestrava-as nas ruas ou nos elevadores dos prédios, apontava-lhes a faca ao pescoço, levava-as para locais esconsos e obrigava-as a praticar actos sexuais. Uma destas, foi violada à frente do namorado. Mas Sotero nunca matou nenhuma. Depois de preso, Sotero foi submetido a exames de personalidade que revelam um elevado risco de tornar a violar raparigas. Sotero nunca matou ninguém.
Escreveu-lhes
O violador de Telheiras escreveu às vítimas durante o julgamento e enviou-lhes dinheiro (vinte euros) a título de indemnização pelos danos causados. Algumas disseram-se ofendidas e humilhadas de novo. Como Sotero conseguiu saber o nome e as moradas completas de todas as suas vítimas, foi coisa nunca devidamente apurada.
Apoio da família
Da mãe, da namorada, da família desta, Sotero não tem razão de queixa. Todos continuam a apoiá-lo e a visitá-lo na prisão. A namorada, confessa-se apaixonada e ajuda-o no que pode. Antes de ser preso, aconselhou-o a mudar de imagem. Depois, ajudou-o nas cartas que ele enviou às vítimas e agora está a ajudá-lo a escrever um livro que o violador publicará brevemente.
Sucesso
Henrique Sotero tem 31 anos, deixou o curso de engenharia por terminar e, quando foi preso (Março 2010), trabalhava numa empresa de telecomunicações de grande dimensão em Portugal. Por esses dias, morava com a namorada em Massamá e tinha como hobies, colecionar moedas e violar mulheres às terças feiras.