RTR2CCRX.jpg

1 – Já falei destes dois grupos noutras ocasiões e, com grande tristeza minha, tenho de voltar a falar. Mas antes de mais reforçar a ideia de que detesto generalizações. São injustas, e muitas vezes perigosas. Digo-o sem qualquer ironia, eu próprio gosto pouco que se dirijam a mim dizendo que “vocês os jornalistas” ou “vocês os da televisão”. Como estou farto que me queiram entrevistar quando o José Rodrigues dos Santos lança um novo livro e me dizem que me querem ouvir porque “vocês os pivôs que escrevem livros”, blá-blá-blá. Não se devem colocar todas as pessoas no mesmo saco, mesmo que achemos que encontramos suficientes pontos em comum para o fazermos. Pronto, está dito. Mas dito isto, a ressalva de que não falo certamente de todos, quero lamentar o que vejo de um número significativo de ciclistas e grafiteiros. Comecemos pelo pedal. Ainda que não seja adepto da bicicleta, e a simples ideia de me pôr em cima de uma me encha de tédio e preguiça, respeito quem adora, e acima de tudo compreendo a lógica. Exercício físico aliado a preocupação ambiental, que combinação mais bem-intencionada se poderia querer? Por isso mesmo me causa estranheza que haja tanto ciclista que junta egoísmo a má educação, com uma pitada de desprezo pelos outros. Explico: ou tenho muito azar e me acontece só a mim, ou há um número significativo de insolentes kamikazes por aí. É de tal forma que, em certas artérias onde circulo, sobretudo ao fim de semana, espero longos segundos antes de arrancar com um semáforo que está verde para mim. Regra geral, aparecem-me ciclistas pela frente que pura e simplesmente ignoraram o sinal que para eles estava vermelho. Recentemente, aconteceu-me com papá e duas crianças. Se não tivesse tido a cautela de esperar, atropelava três bicicletas de uma vez. O que diz muito da responsabilidade deste papá em particular. Não só põe os próprios filhos em perigo como lhes ensina desde cedo a desrespeitar as leis e a não pensar nos outros. Noutra ocasião, na mesma situação, arranco no meu sinal verde, ainda devagar, mas tenho de travar a fundo (com perigo para os que seguiam comigo no carro) porque me passa mesmo à frente um grupo de maduros a pedalar a grande velocidade, que acabam de passar tranquilamente um sinal vermelho. Ao travar a fundo, carrego instintivamente na buzina, mais como aviso do que repreensão. Resultado: dois deles ainda abrandam, insultam-me e acrescentam manguitos. Acrescentem-se ainda as situações em que vou no passeio, como simples peão, e me passam ao lado bicicletas a rasar o ombro, assustando–me deliberadamente. Muitas vezes bastaria eu dar um passo um segundo mais cedo e atropelavam-me ali. Convinha, pois, fiscalização apertada, e decidir de uma vez por todas se as bicicletas circulam em passeios ou na estrada. E lembrar-lhes que em cada um dos casos há regras, para todos. Até porque alguns destes podem vir a aprender da pior maneira que, se calhar, não deviam ter agido assim.

2 – Quanto aos grafiteiros, já não posso com a conversa da liberdade de expressão, da manifestação artística, da jovem rebeldia, da pintura como revolta social, blá-blá-blá, todas essas tretas que tentam justificar o mais puro e absurdo vandalismo. Sim, bem sei, também aqui haverá muitas honrosas excepções. Há por esse mundo trabalhos extraordinários, muitos deles no lugar “certo”, ou onde não fazem mossa a ninguém, como grandes edifícios abandonados, que muitas vezes transformam uma paisagem agreste e triste numa explosão de cor, sentido de humor, ou verdadeira “mensagem” pictórica, com sentido e oportunidade. Não é destes que falo. É de todos os outros, infelizmente a maioria, que continuam a conspurcar as nossas cidades, os nossos mais belos edifícios onde habita gente, os nossos monumentos, as nossas placas de ruas. E com quê, quase sempre? Um traço à Picasso? Não, gatafunhos incompreensíveis, frases patetas que declaram amor a uma Nanda qualquer ou insultam alguém, ou vão reciclar frases gastas, demagógicas e vazias, simples gatafunhos porcos, sem imaginação ou talento. Gente sem a mínima noção de respeito pelo bem alheio ou pelo bem comum. Também aqui, enquanto não houver mão pesada a sério, a bandalheira vai eternizar-se. E nem era preciso ameaças de prisão. Um puxão de orelhas como se dá aos meninos malcriados e uma esfregona nas mãos. Depois era ver quem é o mais talentoso a limpar aquilo tudo.

Relacionados

Mais no portal

Mais Notícias

Em “A Promessa”: Tomás vira-se contra a mãe e ajuda Laura a voltar a cantar

Em “A Promessa”: Tomás vira-se contra a mãe e ajuda Laura a voltar a cantar

Àgua, um bem essencial à Vida, à Democracia e à Paz

Àgua, um bem essencial à Vida, à Democracia e à Paz

Vestir a rigor

Vestir a rigor

O que vestiram as celebridades portuguesas nos Globos de Ouro

O que vestiram as celebridades portuguesas nos Globos de Ouro

O primeiro emprego de Leonor Freitas

O primeiro emprego de Leonor Freitas

Vista Alegre: Na vanguarda da faiança

Vista Alegre: Na vanguarda da faiança

Guia de essenciais de viagem para a sua pele

Guia de essenciais de viagem para a sua pele

Há mais um hotel de luxo no Norte de Portugal

Há mais um hotel de luxo no Norte de Portugal

Há mais um hotel de luxo no Norte de Portugal

Há mais um hotel de luxo no Norte de Portugal

Sérgio Magno e Ana Joaquim, em Peugeot e-3008, vencem Eco Rally Madeira

Sérgio Magno e Ana Joaquim, em Peugeot e-3008, vencem Eco Rally Madeira

O futuro começou esta noite. Como foi preparado o 25 de Abril

O futuro começou esta noite. Como foi preparado o 25 de Abril

Liderar com resiliência e propósito: Desafios e oportunidades no contexto atual

Liderar com resiliência e propósito: Desafios e oportunidades no contexto atual

Eco Rally Madeira: Carros elétricos ‘invadem’ a ilha num rali ecológico

Eco Rally Madeira: Carros elétricos ‘invadem’ a ilha num rali ecológico

Sérgio Magno e Ana Joaquim, em Peugeot e-3008, vencem Eco Rally Madeira

Sérgio Magno e Ana Joaquim, em Peugeot e-3008, vencem Eco Rally Madeira

Zendaya, um espetáculo à parte no desfile Louis Vuitton em Paris

Zendaya, um espetáculo à parte no desfile Louis Vuitton em Paris

O escritor possuído

O escritor possuído

Mudança de ciclo

Mudança de ciclo

Na reabertura do Teatro Variedades, o Parque Mayer está em festa

Na reabertura do Teatro Variedades, o Parque Mayer está em festa

"Joker: Loucura a Dois": Stand-up sem comédia

Exame Informática TV nº 884: Os melhores gadgets da IFA

Exame Informática TV nº 884: Os melhores gadgets da IFA

De Zeca Afonso a Adriano Correia de Oliveira. O papel da música de intervenção na revolução de 1974

De Zeca Afonso a Adriano Correia de Oliveira. O papel da música de intervenção na revolução de 1974

A preparação do look de Dânia Neto no regresso aos Globos de Ouro

A preparação do look de Dânia Neto no regresso aos Globos de Ouro

O estilo de Georgina no regresso à Semana da Moda em Paris

O estilo de Georgina no regresso à Semana da Moda em Paris

Os

Os "looks" da passadeira vermelha dos Globos de Ouro 2024

Telemóveis na escola: sim ou não?

Telemóveis na escola: sim ou não?

Francisco Pinto Balsemão apoiado pela família no dia em que foi homenageado

Francisco Pinto Balsemão apoiado pela família no dia em que foi homenageado

Dior reúne celebridades no desfile primavera/verão 2025, em Paris

Dior reúne celebridades no desfile primavera/verão 2025, em Paris

Em “A Promessa”: António desmascara Helena e acusa-a de o enganar

Em “A Promessa”: António desmascara Helena e acusa-a de o enganar

Vencedores e vencidos do 25 de Abril na VISÃO História

Vencedores e vencidos do 25 de Abril na VISÃO História

Um Tarrafal saído de uma caixa do sapatos

Um Tarrafal saído de uma caixa do sapatos

Enriquecer com a pobreza dos outros

Enriquecer com a pobreza dos outros

Na primeira pessoa:

Na primeira pessoa: "Nunca senti a tentação de fazer o mal, como hacker. E já tive oportunidades de ficar bilionário"

A Maior Lição do Mundo

A Maior Lição do Mundo

O homem que faz gadgets que mudam (mesmo) o mundo

O homem que faz gadgets que mudam (mesmo) o mundo

Que o IMC é uma forma redutora (e enganadora) de avaliar a saúde já se sabe. Será o BRI um melhor indicador?

Que o IMC é uma forma redutora (e enganadora) de avaliar a saúde já se sabe. Será o BRI um melhor indicador?

Em “Cacau”: Tiago impede que Marco rapte Marquinho e ataca-o

Em “Cacau”: Tiago impede que Marco rapte Marquinho e ataca-o

10 jarras para florir o seu outono em  casa

10 jarras para florir o seu outono em casa

Um novo estúdio em Lisboa para jantares, showcookings, apresentações de marcas, todo decorado em português

Um novo estúdio em Lisboa para jantares, showcookings, apresentações de marcas, todo decorado em português

Nova ID. Buzz: cresce em tudo, mas o preço desce

Nova ID. Buzz: cresce em tudo, mas o preço desce

Um viva aos curiosos! David Fonseca na capa da PRIMA

Um viva aos curiosos! David Fonseca na capa da PRIMA

10 jarras para florir o seu outono em  casa

10 jarras para florir o seu outono em casa

Síntese da arquitetura e da natureza

Síntese da arquitetura e da natureza

21 de setembro de 1761: O que aconteceu neste dia?

21 de setembro de 1761: O que aconteceu neste dia?

Eco Rally Madeira: Carros elétricos ‘invadem’ a ilha num rali ecológico

Eco Rally Madeira: Carros elétricos ‘invadem’ a ilha num rali ecológico

Como a capacidade de adaptação das plantas à seca espantou os cientistas

Como a capacidade de adaptação das plantas à seca espantou os cientistas

Narcolepsia: a doença neurológica rara e que pode ter um impacto sério na qualidade de vida

Narcolepsia: a doença neurológica rara e que pode ter um impacto sério na qualidade de vida

"Os colaboradores têm de sentir que há propósito no seu trabalho e no seu desenvolvimento e que estão a contribuir para um mundo melhor"

Casa do Parlamento – Centro Interpretativo: A democracia trocada em miúdos

Casa do Parlamento – Centro Interpretativo: A democracia trocada em miúdos