Regressados de uma caminhada por Soure com um casal amigo, António Vilaranda pegou numa faca de cozinha e desferiu vários golpes no peito de Fernanda. Partiu-se a faca, morreu a mulher, mas António pegou noutra e continuou a esfaquear as filhas. Disse ao juiz que foi para as poupar a viverem sem mãe. Precisamente aquela que ele assassinou por achar que o traía.
Mortas
No corredor, junto à porta, Fernanda Ferreira (47 anos) e a sua filha, Inês Ferreira Vilaranda (16 anos), jaziam esvaídas do sangue vertido nos múltiplos golpes que sofreram no peito e abdómen. Braços e mãos revelavam outros golpes sofridos na defesa que tentaram. Ambas mortas.
Último apelo
Quando subiam ao segundo andar do prédio, os GNR ainda ouviram um último pedido de socorro. Arrombaram a porta, mas já pouco havia a fazer. Foi um cenário “muito complicado e complexo” contou o comandante dos bombeiros voluntários. Uma busca às outras divisões permitiu aos polícias encontrar Joana Ferreira Vilaranda (13 anos). Prostrada, no chão da sala, com “três ferimentos profundos no tórax, mas estava consciente”, contou o comandante João Paulo Contente.
Sangue nos pulmões
A menina foi questionada sobre o que acontecera mas já mal conseguia falar. Socorrida e estabilizada no local por uma equipa do INEM, Joana foi depois transportada para o Hospital Pediátrico de Coimbra. Sofreu uma perfuração da pleura (a membrana que envolve os pulmões) e os médicos tiveram de recorrer a drenos para lhe tirar o sangue dos pulmões. Está com prognóstico favorável.
Calmo e de faca em punho
Enquanto uns socorreram a menor, outros procuraram o autor daquela sanguinária. António Vilaranda (49 anos), tinha-se fechado no quarto do casal. Os GNR forçaram a porta e encontraram-no deitado na cama, ainda de faca em punho, todo ensanguentado. “Ele não dizia nada, só pedia para o matarem”, conta o comandante dos Voluntários de Soure. Quase de um só golpe, os GNR apanharam-lhe a faca e imobilizaram-no. Fonte policial garantiu à tvmais que o homem estava calmo, apesar do cenário e tragédia que provocou. Ferimentos superficiais no peito e pouco mais.
Preso
Levado à urgência dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) ficou cerca de 24 horas em observação. sob custódia. Na madrugada de terça-feira, foi levado para a PJ e, à tarde (16.30 h), ao Tribunal de Instrução Criminal de Coimbra (TIC). Ouvido por um juiz, contou que havia meses que a tensão entre ele e a mulher subira por via dos ciúmes e da baixa autoestima que sentia por ter estado desempregado. Disse que se quis suicidar mas não conseguiu. Ao fim de um par de horas de declarações ao juiz recolheu à prisão.