“Heróis jihadistas mataram 12 jornalistas que trabalhavam para a revista francesa ‘Charlie Hebdo’ e feriram mais de dez pessoas para vingar o profeta [Maomé]”, ouviu-se no comunicado lido na rádio Al-Bayan no Estado Islâmico.
Paris, Quarta-feira, 7
O muçulmano Ahmed Merabet, 42 anos, era polícia. Estava a patrulhar a pé o 11o bairro, quando foi alvejado por dois terroristas que saíam em fuga do jornal satírico “Charlie Hebdo” onde tinham abatido a tiro 11 pessoas. Na rua, os terroristas aproximaram-se e Ahmed, já caído no chão, pediu clemência. Um deles executou-o ali, como se vê no vídeo que circula na internet.
Fuga
Na fuga, os irmãos Kouachi percebem que têm de trocar de carro. “Precisamos do teu carro”, contou o condutor de um velho Renault Clio ter ouvido, ainda surpreso. O homem que o abordou tinha uma Kalashnikov. O outro, que se sentou no lugar do pendura, tinha um lançador de granadas. Não estavam mascarados. Pediram para se dizer que pertenciam à Al-Qaeda do Iémen.
Manobra de diversão I
Periferia, quinta-feira, 8. Está meia Paris à procura dos terroristas quando dois polícias municipais que controlavam o trânsito são alvejados em Montrouge por disparos de arma automática. A mulher-polícia morreu. Os autores são o casal Hayat Boumeddiene, 26 anos, e Amedy Coulibaly, 32, originário do Mali. Os disparos foram uma manobra de diversão para baralhar as autoridades e facilitar a fuga dos irmãos Kouachi. O casal desaparece.
A fuga continua
Sexta-feira, 9. São 7.30 h em Lisboa, quando os irmãos Kouachi são vistos a roubar um Peugeot 206 em Montagny-Sainte-Félicité. Às 9 h já a polícia os localizara e à chegada a Dammartin-en-Goële (30 km a norte de Paris) ocorre uma troca de tiros entre a polícia e os irmãos Kouachi e estes refugiam-se numa gráfica que é, de imediato, cercada pela polícia.
Escondido ajuda polícia
No interior da gráfica, Lilian, 26 anos, apercebe-se da entrada dos terroristas e refugia-se no primeiro andar. Os terroristas nunca chegaram a saber da sua presença. O dono da fábrica é libertado. Mas no primeiro andar continua o homem que ao longo de nove horas envia mensagens de telemóvel para a polícia com informações vitais.
Manobrade diversão II
Porte de Vincennes, Leste de Paris, 12 h em Lisboa. Nova manobra de diversão. Um homem armado faz vários reféns num supermercado judaico, depois de abater três clientes e um empregado. Há mulheres e crianças entre os reféns. Armado com duas metralhadoras, o homem exige a libertação dos irmãos Kouachi.
Muçulmano salva judeus
Mal o terrorista disparou no supermercado Hyper Cacher, um funcionário (muçulmano) da loja escondeu seis clientes num frigorífico do armazém do estabelecimento. Lassana Bathily, 24 anos, nasceu no Mali. “Quando os clientes correram, eu abri a porta [do frigorífico]. Havia muitas pessoas que vieram na minha direção. Apaguei as luzes, desliguei o frigorífico e coloquei-os [os reféns] lá dentro, fechei a porta e disse para eles permanecerem calmos.” Contou, tímido, à emissora BFMTV. Depois fugiu num elevador de carga e foi fornecer valiosas informações à polícia que permitiram o cerco e a invasão.
Fim de linha I
Uma unidade especial de polícia entra na mercearia por entre explosões e disparos. O raptor é morto pela polícia. Alguns reféns saem a correr, mas quatro perdem a vida e outros quatro ficam em estado grave. Dois polícias são feridos. Hayat Boumeddiene (a mulher terrorista identificada) estaria perto do supermercado e conseguiu fugir.
Fim de linha II
A 50 quilómetros de Paris, 16.40 h em Lisboa. Os homens das operações especiais da polícia francesa assaltam a gráfica. Os Kouachi tentam abrir caminho a tiro (Kalachnikov), mas num ápice são abatidos pela polícia. Em três dias morreram 17 pessoas, além dos três terroristas.