1 Poucos de nós imaginam o que será ser agente da polícia. Trabalhar, todos os dias, com a missão de ser o último obstáculo entre criminosos e inocentes. Um trabalho duro, desgastante, mal pago, que pode, a qualquer momento, correr mal. Ser polícia nos Estados Unidos, então, com a taxa brutal da mais variada criminalidade, deverá ser um stresse de cortar o fôlego. Tudo isto é verdade. É uma profissão que admiro, e jamais embarquei na pateta mentalidade de ser antipolícia porque sim, porque se é contra a autoridade por princípio, ou, ainda mais rebuscado e fora de moda, porque a polícia simboliza o “fascismo”. Muito intelectual politicamente correto e apressado a julgar os outros deve a liberdade de andar por aí ao facto de haver um sistema de segurança que nos defende a todos. Muito poucos se safariam numa sociedade de salve-se quem puder. Dito isto, há que ver as coisas como elas são, sobretudo quando surgem indesmentíveis provas que se podem ver e ouvir bem. Passou-se, precisamente, nos Estados Unidos. Mais uma vez. Depois dos episódios recentes, seria de esperar cautela e bom senso. Mas o que se viu nas imagens televisivas na semana passada é absolutamente inacreditável. O que se vê, através da câmara de um carro da polícia, são dois agentes, jovens, absolutamente descontrolados, receita para uma desgraça anunciada. Estão aos gritos a um condutor para mostrar as mãos. Ele mostra as mãos. Gritam mais. Ele estica mais os braços para fora. Mas convencem-se que ele vai puxar de uma arma, por uma qualquer razão que escapa… à razão. E abatem-no. Mais um. A juntar ao caso de Nova Iorque, quando seis polícias se atiram a um homem desarmado, e a pressão que exercem na sua garganta acabou também por ser fatal. Bem sei (devíamos todos saber) que há muitas outras situações em que os polícias são obrigados a disparar, quando se acabaram as alternativas, quando a vida deles ou dos que defendem está em jogo. Mas estes casos recentes, filmados sem dúvidas, são absolutamente lamentáveis, e dão infelizmente razão a quem está sempre pronto a gritar contra a “brutalidade policial”. O respeito que a polícia procura conquista-se muito em saber terminar em paz o que não tem de ser uma guerra.
2 Que há ódio por aí, todos o sabemos. Que há ódio histórico, ódio mais ou menos “compreensível”, quando se ataca porque se foi atacado, até já não se saber quem começou o quê. Mas a história da foto das misses Israel e Líbano juntas é absurda: é mesmo vinda de quem procura pretexto, qualquer um, para atacar. Se não sabe do que falo, houve grande polémica porque, no concurso “Miss Universo”, a Miss Israel aparece ao lado da Miss Líbano. E polémica raivosa porquê? Porque são países que estão, tecnicamente, em guerra. E todos sabemos que metade do mundo considerará que Israel tem a culpa, e outra metade apontará o dedo ao Líbano. Nessa conversa de surdos, até poderia calhar bem as misses juntas, em sinal de paz, ainda que momentânea e artificial. Valeria pelo simbolismo. Mas há quem pense que aceder a mensagens de paz é mostrar fraqueza ao inimigo. É pena.