Tinha vontade de falar com ela mais intimamente. Uma conversa sobre três questões que me parecem fundamentais na sua história: o amor, o filho e os problemas que teve com o seu corpo. Ela falou de tudo, emocionou-se e não se esquivou a nada. Mónica Sintra, a cantora que luta para ser uma “mulher-família”!
Como estás de amores?
Agora, não estou focada nisso. Tenho a música, o meu filho, Duarte…
Quando te separaste do pai do teu filho correste o risco de ficar sozinha com o Duarte. Isso não te fez parar para pensar?
Sabia que iria ter uma imensa responsabilidade, mas também que era melhor naquela altura do que mais tarde. Nós não estávamos bem, não valia a pena adiar a solução de um problema por cobardia. E eu não sou cobarde!
Em tribunal foi decidido que a custódia do Duarte seria partilhada, o que não te agradou.
Não estava à espera que o juiz determinasse que o Duarte ficasse nessa condição. Sofri com uma sensação de impotência, frustração e, acima de tudo, de injustiça tremenda.
Serás capaz de perdoar ao pai do Duarte por isso? Não sei, sofri muito. Perdoar não sei, mas esquecer acho que nunca o vou conseguir. Apesar de não ter sido ele a tomar a iniciativa de pedir a custódia partilhada, aceitou. E isso não consigo esquecer!
Ainda te lembras como viveste esse tempo?
Todos os dias. Chorava, tinha medo de não ver os primeiros passinhos dele, ouvir a primeira palavra… mas, mais importante do que isso, é que mudei a minha vida toda por ele e de repente, durante uma semana, eu não estava com o meu filho de meses. Isso não se faz! Não a uma mãe que tinha reunidas todas as condições.
Pareces uma mulher muito segura…
Mas nem sempre foi assim… Fui ficando com o tempo, mas não sou tão segura como pareço. O facto de ser mãe tornou-me mais segura, sim, mas ainda há arestas a limar!
O que te levou a escrever, num gesto de denúncia, o teu livro onde falas abertamente de distúrbios alimentares?
Achei que o devia fazer quando tomei consciência de que poderia ser um exemplo, nem que fosse apenas para uma pessoa.
O que ficou dessa Mónica?
O medo, porque uma vez que este problema é detetado passas a vida toda com ele. Há uma necessidade de controlar aquilo que enfrentas diariamente. Eu deparo-me todos os dias com um leque imenso de coisas que não me vão fazer bem.
Não namoras com ninguém e disseste-me que há muito tempo que não “amas de verdade”. Afinal, de quem é a culpa?
Minha, que sou demasiado exigente, como dizem as minhas amigas, e porque ainda acredito em príncipes encantados (risos).
E o que queres para daqui a uns dez anos?
Voltar a ser mãe. Ter três ou quatro filhos, uma família muito feliz e ter sempre um lugar para cantar… queria ser uma espécie de Céline Dion (risos)!