Os crimes que marcaram 2015

Janeiro

• Paris, quarta-feira, 7. O polícia francês, Ahmed Merabet (muçulmano) patrulhava a pé o 11o bairro quando foi alvejado por dois terroristas que fugiam do jornal “Charlie Hebdo”, onde tinham abatido 11 pessoas. Ferido e caído no chão, o agente pediu clemência. Um dos terroristas executou-o ali. Vinte mortos, entre polícias, terroristas e inocentes e uma ferida na liberdade de expressão.
• Por aqueles dias, em Portugal, os atentados terroristas teriam sido enfrentados por três mulheres: Anabela Rodrigues, Helena Fazenda e Paula Teixeira da Cruz. Todasas operações para pôr as políciasa trabalhar em uníssono contrao terrorismo seriam conduzidaspor aquelas senhoras.
• “Que Alá vos destrua, bando de porcos. Eles não morreram. Apenas se anteciparam a nós para desfrutar do Paraíso.” Assim escreveu no Twitter Raheeq Makhtoum, a mulher do lusodescendente Abou Uthman que nasceu com o nome cristão de Mikael Baptista (23 anos). Foi assim que ela confirmou a morte do seu marido, jihadista português.

Fevereiro

• 8% das vítimas de violência doméstica são homens. Ao contrário do que se pensa, eles também sofrem e morrem às mãos delas. A única diferença é que o silêncio é maior: eles têm vergonha de assumir o crime e de o denunciar.
• Poucas vezes sabemos ao certo a quem entregamos os filhos. As auxiliares de acção educativa estão no fim da linha, mas são quem mais tempo está com os nossos meninos. Em Beja, um bebé de 10 meses apareceu com hematomas na cara. Na Batalha, uma criança de 5 anos foi esquecida na escola.
• Pela primeira vez, Simone de Oliveira contou a negra desfolhada que viveu aos 19 anos, quando foi espancada pelo marido e fugiu. Um rigoroso exclusivo da tvmais.
• Os técnicos e polícias choraram nas operações de socorro. Um homem pôs a própria filha de 4 meses em água tão quente que a pele da bebé ficou a boiar. A mãe, antiga bombeira, tinha saído para ir às compras. A bebé chorou até à morte. Na autópsia percebeu-se que, apesar de ser tão nova, a bebé já fora agredida outras vezes. O irmão da menina (de 2 anos), observado no hospital, também revelou ser vítima de sevícias. A verdadeira casa dos horrores era em Marvila, Lisboa.

Março

• Já passava da meia-noite quando o corpo de Conceição Tavares (40 anos) foi encontrado, pelo seu filho mais velho. Jazia num ermo da estação ferroviária de Foros de Amora, Seixal. Coberta de ramos, tinha diversos sinais de espancamento. O rosto estava completamente desfigurado. Era mãe de três finalistas de um programa de talentos da RTP1.
• Conceição Tavares não foi vítima de um simples assalto. Quem a matou deu-se ao trabalho de a atrair para fora da estação, agredir na cabeça até à morte e só depois esconder o corpo. É muito improvável que o local onde foi encontrado o corpo tenha sido onde o crime foi cometido. Quem a matou não a conseguia olhar.
• O Governo enviou para a Assembleia da República uma proposta de Lei que agrava as penas de abuso sexual de menores e prevê a criação de uma identificação criminal de quem tenha cumprido pena por crimes dessa natureza. Prevê também que esses condenados fiquem afastados de actividades com crianças. A polémica vai a votos.
• É anunciado que imagens gravadas pouco antes do acidente que vitimou Angélico Vieira e Hélio Filipe serão entregues ao tribunal.

Abril

• As autoridades dizem que Andreas Lubitz atirou deliberadamente o avião contra os Alpes e que a tragédia nada teve a ver com terrorismo. O avião da companhia aérea alemã Germanwings levantou de Barcelona, Espanha, com destino a Dusseldorf, na Alemanha. 144 passageiros e seis tripulantes caíram nos Alpes franceses, perto Digne-les-Bains. Morreram todos.
• Um pai matou o filho de 6 meses ao espetar-lhe uma faca no peito e um padrasto sovou a enteada de 3 anos de tal forma que esta morreu. Assim se viveu uma semana de Abril, o mês da prevenção dos maus tratos na infância.
• Falhanço anunciado, o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) revelou duas nuvens que o ensombram. Em primeiro lugar, o aumento da violência doméstica, crime que tinha sido apontado um ano antes como uma prioridade pelo então secretário-geral do Sistema de Segurança Interna, e em segundo lugar, a criminalidade juvenil que subiu 23,4% em 2014. Uma média de seis crimes praticados por dia. Resultados preocupantes a médio prazo. Delinquentes hoje, criminosos amanhã.

Maio

• Uma professora e uma psicóloga foram apontadas como abusadoras sexuais de menores. O fenómeno raramente é abordado, mas existe. Os especialistas dizem que é assim quando se trata de adolescentes e pré-adolescentes. Funciona como iniciação e eles não contam. Ao contrário, sentem orgulho. Afinal, têm um caso com um adulto e isso faz deles adultos.
• Ia o País celebrar o Dia da Mãe, quando três meninas apareceram grávidas, depois de violadas por quem deveria protegê-las. Uma criança de 12 anos está grávida do seu padrasto. Outra, de 13, está grávida do seu próprio pai e uma terceira, de 13, engravidou do homem que pagava à sua mãe para abusar dela. Devem as meninas ter os filhos dos seus abusadores?
• “Sou filha de uma vítima do estripador de Lisboa.” Mais um rigoroso exclusivo da tvmais. Desde menina que “Joana” se lembra de ter tido duas vidas. Da primeira tem retalhos de memórias. Depois foi adoptada. As notícias sobre o Estripador de Lisboa sempre a incomodaram, mas foi isso que a fez descobrir quem é. Nasceu em Lisboa em 1986 e foi adoptada aos 10 anos. Mas lembra-se da sua primeira vida e sabe bem de quem é filha biológica…
• Matar aos 17. A Polícia Judiciária ainda não descartou a existência de cúmplices. Fractura do crânio com esfacelo do encéfalo (massa encefálica à vista), provavelmente provocado por instrumento contundente (barra de ferro). Traumatismo abdominal com contusão do fígado e do baço (marcas de calçado no abdómen). Contusão genital, esmagamento do escroto (agressão genital post mortem). Dados da primeira avaliação forense feita ao corpo de Filipe Costa (14 anos), agredido e torturado depois de morrer. O corpo de Filipe jazia numa enorme poça de sangue quando foi avistado nas arrecadações de um prédio no centro de Salvaterra de Magos.

Junho

• Um avô, um pai e dois meninos, sovados física e psicologicamente por um oficial de polícia descontrolado. “É uma situação atípica onde não nos podemos rever”, disse Hélder Andrade, presidente do Sindicato dos Oficiais de Polícia.
• Isaltino Morais foi magistrado, barão do PSD, autarca modelo e o preso no 721 na Carregueira. Agora conta esses dias no livro “A Minha Prisão”.
• A nova carta de condução só entra em vigor a 1 de Junho de 2016, não tem efeitos retroactivos, nem amnistia,
• mas gera polémica. A Carta dos 12 é o novo sistema de pontos da carta de condução.
• Novo exclusivo tvmais: a entrevista a Suzana, a mãe do jovem Daniel (17 anos), preso por matar Filipe (14 anos). Esta mãe (do homicida) acusa a outra mãe (da vítima) de perseguição. Daniel escreveu uma carta para ser publicada. O homicídio de Filipe ainda tem mistérios por revelar.
• À mesma hora e em locais diferentes, dois meninos de 3 anos perderam a vida em piscinas. O afogamento infantil é rápido e silencioso.
• Num estranho pacto de silêncio, filhos, nora e netos foram abusados sexualmente pelo patriarca da família, ao longo de quase 30 anos. Não se percebe como o chefe daquela família de Valongo impôs a sua vontade sexual.

Julho

• Conluiado com as duas mulheres com quem vivia, Jorge, o canibal português, atraiu três mulheres, matou-as, cozinhou-as, comeu-as e vendeu-as em empadas. Aconteceu em 2012, no Brasil, mas surgiram novos depoimentos.
• O actor Heitor Lourenço foi confundido com um terrorista. Foi denunciado e foi preso. Libertado seis horas depois, quis conhecer o seu denunciante e ficou amigo dele.
• Na mesma semana, dois casos de abuso sexual de menores, dados como provados, tiveram sentenças bastante distintas. Num dos casos, o tribunal deu como provado que um professor de Educação Física tinha uma relação amorosa com uma das suas vítimas e condenou-o à pena máxima. Num outro caso, um ex-inspetor do SEF viu a sua pena suspensa depois de condenado por três crimes de abuso sexual de crianças, pornografia de menores e devassa da vida privada.
• Uma educadora infantil, da Amadora, foi condenada a seis anos de prisão por ofensas à integridade física e maus tratos aos alunos de 6 anos. O livro de ponto era um dos seus instrumentos de agressão. O pau de vassoura era o outro. A professora negou tudo.
• Desaparecido da casa de um amigo, em Brighton, no Sul de Inglaterra, Diogo (29 anos) foi encontrado morto, oito dias depois. A polícia britânica diz que a morte do jovem não foi homicídio e “continua a ser tratada como inexplicável”.
• Um homem mata a amante e o filho de ambos, de 5 anos. Toma raticida, é detido e morre na cela.

Agosto

• No princípio, o verbo do padre Roberto acusou o padre Maia. Absolvido o padre Maia, este tratou de agir criminalmente contra o padre Roberto. E assim continua a guerra dos homens da paz…
• À revelia da Lei, o Hospital de Faro não coloca pulseiras electrónicas nos recém-nascidos. Alexandra fugiu do Hospital de Faro com o seu filho com medo que lho tirassem. E tiraram. “O hospital só alegou o perigo para a vida do bebé para poder accionar as autoridades policiais.” Afinal, não havia risco efectivo de vida do recém-nascido.
• Há meses que não viviam na mesma casa. Ele, 54 anos, desempregado, tinha ido lá a pretexto de recolher uns objetos. Discutiram. Os filhos e os amigos estavam no piso superior. Ouviram a discussão e um deles contou tê-la ouvido exclamar “Leva tudo o que quiseres e sai. Leva tudo”. Depois foi o silêncio. O homem esganara a mulher até esta morrer. Anabela Borges tinha 43 anos e era reformada por invalidez. Foi encontrada já sem vida, no acesso da cozinha para o barbecue da casa. Inválida por erro médico e amputada, sofreu a desdita, divorciou-se, tentou reerguer-se. Apresentou queixa oito meses antes, mas acabou às mãos do ex-marido. Deixa dois órfãos.
• Enquanto o fogo alastrava em vários distritos, com especial incidência na área protegida da Serra da Estrela (zona da responsabilidade do Estado), saiu a lei que diz que a investigação criminal ao fogo posto deixou de ser prioritária. Tudo isto na semana em que as chamas alcançaram o maior número de hectares ardidos da década. Por sorte choveu…

Setembro

• Cresce o número de homens que denunciam os maus tratos das mulheres às autoridades. Morre a vergonha, acaba o silêncio, nasce a queixa.
• Uma zanga antiga, uma caçadeira e três vítimas mortais. Desarmado e à civil (é polícia), um homem está junto ao seu automóvel na companhia do filho de 23 anos. Ouvem-se disparos e o homem cai sem vida. O filho tenta auxiliá-lo, é também alvejado e fica gravemente ferido. Chegado ao local, o GNR Anes depara-se com dois corpos prostrados no chão. Mal ensaia as perguntas básicas da investigação criminal, quando surge novo disparo que o atinge mortalmente.
• Até 31 de Agosto morreram 320 pessoas nas estradas de Portugal. 40% das vítimas mortais acusaram álcool no sangue. O telemóvel é a nova causa de morte.
• Os pais que abusaram sexualmente dos filhos antes de Agosto podem continuar com o poder paternal. Demorámos 22 anos a transpor a lei que protege as vítimas sexuais dos pais.
• Num minuto juram que as amam, e no seguinte matam-nas. Depois de degolada e esfaqueada, na cara, no pescoço e no peito, Maria João (52 anos) foi levada na bagageira do seu próprio carro até ao posto da polícia pelo seu próprio agressor.

Outubro

• Primeiro mergulhou com os colegas nas águas da ria, depois, na praia, deitada, foi coberta de areia, sem poder mexer-se, ficando apenas com a cabeça de fora e engoliu as bebidas alcoólicas que lhe deram à boca. Perdeu a consciência e foi levada de urgência ao Hospital de Faro, onde entrou com 2 g/l de álcool no sangue, já em coma alcoólico. Assim correu a praxe de Ana (19 anos), aluna da Universidade do Algarve.
• Entrou de arma em riste na Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ). Fez três reféns e explicou que não lhes queria mal, mas que exigia saber dos filhos, um rapaz e uma rapariga de 14 e 15 anos.
• O filho de Joaquim alertou para o desaparecimento do pai. Problemas psiquiátricos, álcool e ameaças de suicídio entram neste mistério. “Quando bebia transformava-se. Disse-me sempre que um dia me matava”, diz Cristina Santos, ex-mulher de Joaquim Rodrigues, desaparecido com a sua namorada Sandra Teixeira.
• Dois amigos (9 e 11 anos) estavam a brincar com um revólver de calibre de guerra. Ouviu-se um tiro e uma das crianças caiu inanimada. O dono do revólver foi ouvido por um juiz e disse ao magistrado que não sabia que a arma estava carregada.
• Mário chegava ao final de 24 anos de prisão quando Tânia se apaixonou por ele. Nas saídas precárias, assaltaram inúmeros bancos, roubando cerca de 25 mil euros. Namoravam, assaltavam bancos e forjavam novos golpes. Uma espécie de Bonnie & Clyde à portuguesa.

Novembro

• A violência escolar tem novo significado: pais que agridem professores, professores que agridem alunos e alunos que agridem professores.
• 14 milhões de euros gastos e quatro anos depois, a Scotland Yard reduziu a quatro o número de agentes que procura Maddie McCann no Algarve.
• O mesmo tribunal que negou a liberdade condicional a Carlos Cruz deu-lhe agora três dias de saída precária. Precisamente o que lhe faltava para poder requerer regime aberto.
• Dez polícias já puseram termo à vida este ano. As direções policiais encontram razões em factores exclusivamente externos. Os estudos dizem o contrário. Ademais, em Portugal, os polícias morrem mais às suas próprias mãos que às mãos dos criminosos.
• Meia centena de mortos e milhares de feridos num só mês de terror, vivido em quatro países diferentes e está declarada a nova guerra mundial.

Dezembro

• Morreu rodeada de socorristas, mas nenhum a viu! Muito nevoeiro e um choque em cadeia é coisa normal. Anormal é morrer encarcerado dentro de um carro rodeado de 50 operacionais de socorro sem que ninguém veja. O nevoeiro na Ponte Vasco da Gama e o consequente choque em cadeia foi a notícia da manhã de 2 de Dezembro. Tudo explicado nas TV, rádios e meios online. Até que, já na fase de limpeza da via descobriram um corpo dentro de um carro.
• Graffiti. Há quem lhe chame arte, outros, vandalismo. Três grafiteiros morreram a apedrejar o revisor que os inibia de pintar. Dias depois, outros pintaram na estação de S. Bento, como forma de retaliação e memória. Estavam encapuzados. Um impedia que as portas se fechassem, três pintavam as carruagens, outros filmavam… Os três morreram colhidos por um comboio.
• O País foi acordado na sexta-feira, 18, com a notícia de que a Interpol alertava para a eventual presença de jihadistas no nosso território. Falso alarme. O único alerta dado pelas polícias internacionais enviado para toda a Europa e não referia Portugal em especial. Para a maioria dos terrorismos, Portugal é zona de conforto, descanso e passagem. A tvmais sabe que a Unidade Nacional de Combate ao Terrorismo da PJ detectou e monitoriza diversas situações, como, por exemplo, uma estrutura de apoio ao fundamentalismo islâmico na zona de Sintra. “Mas é tudo gente em trânsito…”, disse-nos a fonte.