
Escrevo esta crónica há muitos anos, e não deve haver semana em que Cristina Ferreira não apareça. Não por esforço meu, mas por mérito seu. Houve sempre qualquer coisa que mereceu nota ou destaque, e quando achamos (ou achavam muitos) que pouco haveria a acrescentar, ela chega e mostra que consegue deixar todos de boca aberta. Como? Saindo da sua zona de conforto, provando que aos 40 anos há tudo por fazer. A maioria, no seu lugar, deixava-se estar. Vida confortável, um filho para educar, uma família para cuidar, uma equipa para gerir, um mundo empresarial cheio de desafios… enfim, um universo de coisas com que se inquietar e que naturalmente, aos nossos olhos, a preenchem. Mas ela achou que não era suficiente. Que o melhor era não renovar um contrato belíssimo e começar uma nova estrada. E que feliz que fico. É preciso enaltecer este gesto que revolucionou o mundo da televisão em Portugal como há muito tempo não acontecia e não sei se não será caso único de impacto. Revolução e impacto, são as palavras certas! A televisão prova, assim, que não está morta, que, ao contrário daquilo que se diz, tem muitos anos de vida e há quem olhe para ela como futuro.