
Foi notícia no mundo todo quando em janeiro de 2018 13 irmãos com idades entre 2 e 29 anos foram encontrados acorrentados e maltratados em casa, na cidade de Perris, na Califórnia, Estados Unidos. As crianças e adultos eram mantidos em cativeiro pelos pais, David e Louise Turpin, de 57 e 49 anos. Na última semana o casal foi condenado à prisão perpétua, depois de declararem-se culpados pelos 14 crimes dos quais eram acusados. Mas o que mais chamou a atenção foram os relatos impressionantes das vítimas. Alguns dos filhos do casal foram ao tribunal e outros enviaram declarações por meio de representantes, nas quais descrevem os abusos sofridos e ainda revelam que perdoam os pais.
“Não consigo descrever em palavras o que aconteceu durante o meu crescimento. Ainda tenho pesadelos com as coisas que aconteceram, como os meus irmãos a serem acorrentados ou agredidos. Mas isto é o passado. Amo os meus pais e perdoo-os por muitas das coisas que fizeram a nós”, disse um dos filhos, conhecido no tribunal como John Doe número 2.
“Quero que o tribunal saiba que nossos pais amam-se e amam os seus filhos. As pessoas no Texas, até os amigos, disseram que nossos pais estavam a ter filhos demais. Nossos pais não concordaram. Sentiam que Deus havia os abençoado com todos os seus filhos, então mantiveram-se afastados do mundo e confiaram que Deus iria guiá-los pela vida”, diz o relato de outra filha, Joy, que foi lido no tribunal pela sua advogada. O depoimento ainda diz que “os pais tentaram criar-nos da melhor forma possível, e queriam dar-nos uma vida boa. Eles acreditam que tudo que fizeram foi para nos proteger.” Joy ainda pediu, no depoimento, que as autoridades “coloquem os nossos pais no centro de detenção mais próximo de onde nós vivemos, para que possamos visitá-los sempre que quisermos.”
Os depoimentos dos filhos relembram os terrores passados na casa da família, como crianças acorrentadas às camas, agressões e negligência. Os irmãos só podiam tomar um banho por ano, nunca receberam tratamento dentário e tinham pouca assistência médica. Os filhos ainda dizem que comiam apenas uma vez por dia, o que fez muitos deles ficarem desnutridos.
Desde que foram resgatados, os 13 irmãos passaram por cuidados médicos e foram reencaminhados para novas casas. Os seis menores ficaram em duas casas diferentes na mesma cidade, enquanto os maiores de idade, que são sete, vivem juntos noitra casa.