É indiscutível o sucesso que o cantor alcançou desde que iniciou a sua carreira musical em 2006. Anselmo Ralph, 33 anos, é atualmente uma referência em Angola e um fenómeno que está a conquistar milhares de fãs em Portugal. O papel como mentor no talent show musical da RTP1, “The Voice Portugal” veio dar-lhe ainda mais destaque e obriga-o a viagens constantes para acompanhar os concorrentes que estão na sua equipa. A sua agenda está agora ainda mais preenchida, pois os concertos no seu país-natal e em Portugal sucedem-se.
Mas o ritmo de vida acelerado não é o que preocupa o cantor. Anselmo luta contra um problema de saúde complicado, que poderá no futuro ter sérias consequencias. A miastenia gravis foi-lhe diagnosticada aos 5 anos, e é uma doença neuromuscular autoimune, que causa fraqueza e fadiga anormal dos músculos voluntários do corpo. Esta fraqueza é causada por um defeito na transmissão dos impulsos dos nervos para os músculos. Por norma, o primeiro sintoma a ser identificado nesta doença é a perda de força dos músculos dos olhos. Estes sinais variam de doente para doente, podendo haver queda de uma ou ambas as pálpebras, visão dupla ou fraqueza dos músculos oculares. “No meu caso, não tenho força nas pálpebras, as luzes e os flashes incomodam-me. Isso faz com que acabe por fechar os olhos. Foi por este motivo que me fui habituando a usar óculos escuros. Não se trata de uma questão de estilo!” Neste momento, a doença encontra-se estagnada, tornando-se mais fácil de lidar com a mesma.
A doença trouxe-lhe, desde muito cedo, um relacionamento muito difícil e agressivo por parte de quem o rodeava, em especial de outras crianças. “Fui vítima de muito bullying, de forma grave! Não só em Angola mas também nos Estados Unidos, onde vivi com o meu pai. Chamavam-me nomes, ouvia palavrões, insultos e levava muita pancada por ser um miúdo diferente. Foram situações horríveis.” Anselmo recorda estes acontecimentos de forma emocionada e admite que ter sido vítima de bullying fez dele o homem que é hoje. “Criei defesas e uma capa que me protege, isso moldou o meu caráter. Se hoje sou uma pessoa humilde, deve-se igualmente a isso. Fez-me ter sempre os pés bem assentes na terra, porque sei mesmo o que é bater no fundo.” Atualmente, confessa que já se sente preparado para expor este aspeto que lhe trouxe muito sofrimento ao longo da vida. “Agora já consigo falar destas humilhações, acho que deve servir como exemplo e motivação para quem sofre na pele o que eu sofri.”
Apesar de tudo, encara a vida com um sorriso no rosto e revela que esta doença não é uma rasteira que a vida lhe pregou. Acredita ser um privilegiado por fazer aquilo que mais gosta e ter construído a carreira que tem atualmente, e não olha para trás com ressentimentos.