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Os telespetadores reconhecem-no pela participação na terceira edição da “Casa dos Segredos” e pela expulsão após uma agressão a Hélio, mas Wilson Teixeira rapidamente se quis descolar do reality-show da TVI e ser conhecido pela carreira de treinador, que já leva 15 anos na orientação de clubes como Odivelas SAD, Clube de Futebol de Chelas ou Carregado. A carreira ganhou um novo fôlego há três meses quando, através de um jogador iraniano que jogou no Lusitano de Vila Real de Santo António, Arash Ostovar, apareceu a oportunidade de treinar o Qashqai Football Club, da segunda liga do Irão. Uma proposta financeiramente irrecusável. “O presidente do Qashqai estava à procura de um treinador estrangeiro, de preferência português. Fizemos entrevistas por Skype no início de junho. Tinha renovação acertada com o Carregado, mas vi ali credibilidade. Acordámos ir no final do mês ao Irão para nos conhecermos”, começa por contar Wilson. “Fui recebido no aeroporto com flores e de uma forma apoteótica pela direção e pelos fãs. Conheci o clube e era tudo aquilo que tínhamos falado: condições de trabalho top, estádio municipal a estrear – foi inaugurado por mim e pelo meu adjunto, Marco Almeida – e fiquei maravilhado com aquilo tudo. Assinei no dia 1 de junho o contrato com os valores ao nível dos treinadores da nossa I Liga”, acrescenta o treinador que deu, na altura, luz verde para Marco Almeida viajar. “Ficámos num hotel de quatro estrelas, éramos tratados como reis! Durante um mês foi tudo impecável!”
E se as condições de trabalho eram as melhores, as exibições em campo não lhes ficavam atrás. Na pré-temporada a equipa iraniana fez seis jogos e conseguiu seis vitórias. Mas algo estava para mudar…
TROCADOS POR OUTRO
As condições eram excelentes, os resultados acima das expectativas, mas havia algo que estava a deixar Wilson e Marco desconfiados: “acordámos dois salários adiantados e estávamos à espera de receber esse dinheiro. O presidente Askan Najafpoor diz-nos que não consegue levantar o dinheiro, devido ao embargo com os Estados Unidos. No Irão só é permitido 400 dólares por dia e ele comprometeu-se a levantar essa quantia até chegar ao nosso valor…”, informa Wilson. O ex-concorrente da “Casa dos Segredos 3” e o adjunto mostravam-se crédulos, mas não havia maneira de o dinheiro aparecer. “Acertámos o dia 3 de agosto, depois da apresentação da equipa para o pagamento desses dois salários”.
Os dois técnicos chegaram ao treino de manhã, mas o presidente não estava.
O diretor desportivo garantiu-lhes que seriam recebidos no dia seguinte. “Chegámos ao treino preparados para iniciar os trabalhos e qual é a nossa surpresa quando somos apresentados a um novo treinador! Ele disse que íamos ser adjuntos, e o presidente justificou que era importante ter um iraniano à frente da equipa por causa dos fãs e patrocinadores!”. Wilson e Marco ficaram petrificados: “Não aceitámos bem, até que o Marco disse que íamos tentar, porque o novo treinador garantiu que continuávamos a dirigir o treino e a decidir a equipa. Aceitei as condições desde que o presidente nos pagasse naquele dia os dois salários”. E, apesar do sapo engolido, a promessa ficou feita. “O presidente diz que tem os valores no carro, mas que não nos ia pagar naquele momento porque íamos para o treino e o dinheiro podia desaparecer. No final pagava!”
O treino começa e o inesperado acontece: “Começa uma discussão entre os jogadores e o presidente, porque eles não perceberam a troca de equipa técnica. Os jogadores agarraram nas coisas deles e foram-se embora, não houve treino! O presidente, chateado, disse que nós é que tínhamos feito a cabeça aos atletas. Acrescentou que não queria falar mais connosco nesse dia e ficámos pendurados com o dinheiro”, lamenta-se Wilson, que veio mais tarde a descobrir que o novo treinador era uma pessoa muito rica da cidade de Shiraz… e que terá pago para conseguir o cargo!
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PRISÃO À VISTA
Seguiu-se uma viagem frustrante para o hotel. “Fomos para o quarto e quem nos liga é o tradutor a dizer que tínhamos de sair rapidamente do país, porque o presidente, além de não nos ir pagar, também não tinha tratado do nosso visto, que era para 30 dias e tinha expirado! Avisou que ou saíamos do Irão ou ele ia chamar a polícia porque estávamos ilegais e podíamos ser presos!”, recorda o técnico.Os jogadores do Qashqai, solidários, queriam tirar a equipa técnica do hotel para desanuviar do pesadelo, mas Wilson e Marco não alinharam: “Ficámos desesperados, não quisemos contar logo às famílias porque tentámos negociar a bem”. Mas, sem sucesso.
O socorro chegou pelo treinador adjunto do Sepan, clube da primeira Liga do Irão, Miguel Teixeira. “Ele fez-nos chegar o contacto do Consulado português, que nos ajudou com o prolongamento do visto. Com a ajuda de alguns jogadores e do tradutor, arranjaram-nos uma viagem para Barcelona, mas o trajeto dali para Lisboa era mais caro do que de Teerão para a cidade espanhola; por isso, disseram-nos que não iam pagar e tivemos de ser nós a chegar-nos à frente! Entretanto, soubemos que quem pagou a viagem para virmos embora foi o treinador principal, porque se sentia ameaçado”.
Wilson equaciona processar o clube iraniano, que está a tentar negociar através do tradutor, uma vez que o presidente Askan Najafpoor bloqueou o telemóvel. “O presidente bloqueou-nos em todo o lado, ao contrário dos jogadores, que me pedem para os trazer para outros clubes. Enfim, até dia 3 de agosto estava a viver um sonho que virou pesadelo!” A equipa técnica está, agora, à procura de trabalho. “A época começou, estamos dependentes de treinadores que saiam para nós podermos entrar. Quero uma equipa ganhadora!”, remata Wilson.
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