A TvMais sugeriu os temas, eu aceitei o desafio. Agora cabe-lhe a si ver como 2020, o ano da maldita pandemia, foi para mim. Vamos a isso?

A troca da SIC pela TVI

Na teoria, foi uma decisão fácil de tomar. A partir do momento em que recebi o convite, percebi que era altura de mudar. Escreveu-se muita coisa, mas a verdade da minha mudança prendeu-se principalmente com o crescimento profissional. Apresentar um formato como o “BB” era algo que eu esperava há muito tempo, e sabia que na SIC não ia acontecer. Fui convidado, falei muito com o Nuno Santos e guardei segredo. Tomei a decisão profissional mais solitária da minha vida. Pensei semanas sobre o assunto e quando decidi dei indicação à minha agente para avançar com tudo, reunir as condições que achava que merecia e fui para Miami, nos EUA. Lá, pensei muito no que ia fazer, sabia que era um risco, mas também que era altura de o correr, porque tinha 46 anos e já tinha tido na SIC muitas reuniões onde manifestei vontade de crescer. Não queria continuar no mesmo registo. Tinha deixado isso muito claro. Não me adiantava fazer um “leilão” a ver quem dava mais. Não fiz esse jogo. Cheguei de Miami e resolvi tudo. Assinei com a TVI e comuniquei a minha decisão à SIC. Na verdade, toda a gente a entendeu. Talvez algumas pessoas tivessem ficado chocadas porque estava na SIC há 18 anos, mas quem entende o meio percebeu, incluindo o público e a SIC, de onde saí a bem depois de me reunir com o Daniel. Não faria sentido ser de outra maneira. Fiz-me na SIC e sou muito grato à estação.

Pandemia adia a estreia do “BB”

Não posso dizer que foi uma coisa que encarei com naturalidade. Não! Houve uma altura em que fiquei revoltado porque não me parecia justo estar prestes a realizar um sonho e o mundo virar-se do avesso ao ponto de adiar tudo. Nunca nos tinha acontecido e nem imaginávamos que fosse possível acontecer. Nunca temi ou achei que o programa não fosse para o ar porque a direção da TVI foi sempre muito honesta e direta comigo, mas este foi o processo muito solitário. Vivê-lo em tempos de pandemia não ajudou nada, mas fez-me crescer (e muito!). Conheci muito as pessoas. Do que elas são capazes quando não sabem a verdade, ou quando a querem saber à força. Quando o “BB” estreou fiquei radiante. Sabia que tinha feito um bom programa, que as condições eram complicadas, mas a equipa fez muito bem. As pessoas apegaram-se ao formato e vencemos com a consciência de termos um grande programa.

Sozinho em casa (o isolamento)

Ao contrário da maioria das pessoas, o isolamento em si não me custou. Gosto de estar sozinho, gosto de me isolar, dou-me bem comigo e acho mesmo que sou a minha melhor companhia. Aproveitei o tempo para me preparar muito bem para o “BB”, começar a escrever parte da história da minha vida em livro, ler muito, organizar tudo e ir encarando o dia a dia à mercê de um vírus que desconhecíamos na totalidade. O isolamento não foi igual para todas as pessoas, como é óbvio, mas o meu foi sereno, tranquilo e não me saturei de estar isolado. Todos os dias mantinha conversas longas com a Leonor [filha] por Face Time e obriguei-me a um ritmo de rotinas que me fizessem sentir útil .

A estreia sem público

Talvez tenha sido das coisas mais complicadas. Faço televisão para as pessoas. Sempre a fiz com pessoas, com público e imaginei aquele momento com a energia humana que era precisa e que me fez muita falta. Foi violento fazer um programa onde não conhecia a equipa técnica, passaram o tempo todo de máscara, não lhes vi o rosto a muitos. Eles eram o meu público. Quem criticou o arranque do “Big Brother” em versão Zoom, não tem noção do que diz e menos ainda do que é fazer uma gala (duas neste caso) a falar com os concorrentes em videochamada. Um estúdio gigante apenas comigo sozinho a falar para um plasma muitas vezes com a qualidade difícil de uma chamada deste género. O público é a minha contracena sempre. Faz-me falta. Quando me dei conta que não ia ter público, não disse a ninguém, mas foi uma desilusão para mim.

O anúncio do regresso de Cristina Ferreira à TVI

A primeira coisa que fiz foi enviar-lhe uma mensagem a perguntar se estava bem. Fiquei deveras preocupado com a mudança, não pelo que ia fazer ou para onde ia, mas pela avalanche mediática que viria a seguir. Preocupei-me de verdade com ela. Tenho um sexto sentido muito apurado e sabia o que ia acontecer. Foi o que aconteceu! Quando me dei conta que seria diretora de Programas, fiquei no meu lugar à espera que me chamasse para uma reunião e continuei o meu trabalho como até ali. Não mudou nada!

O afastamento do “BB”

Ao contrário do que muitos possam pensar, e tal como eu já disse publicamente, assim que soube que a Cristina seria diretora de Programas sabia que a nova temporada do “BB” não seria feita por mim. Ninguém me precisou dizer: eu sabia! Conheço bem a Cristina, sei que viria com uma estratégia e ela passava pela mudança de apresentador do programa. Atenção, mudar de apresentador, na minha leitura, nunca foi “afastar o apresentador para meter outro”. Foi apenas mudar de apresentador. O programa não era meu mas da TVI. Não tenho o ego inflamado ao ponto de achar que não se faz sem mim ou que faço melhor que alguém. Faço bem. Nem melhor nem pior. Diferente. Fiz o meu formato com o êxito que se sabe e fiquei muito satisfeito com isso, não sou burro nem hipócrita e sei que faria a temporada seguinte se não tivessem acontecido estas alterações de direção, mas assim que soube da mudança percebi o que acontecia. Foi-me comunicado uns dias antes da última gala. Não chorei, como se disse, nem houve discussão, como se pensa. A diretora tomou uma decisão e argumentou. Entendi e acatei com a maior naturalidade do mundo, porque não fui apanhado de surpresa e fui fazer a última gala tão bem feita como todas as outras. Não mudou nada na minha cabeça. Sabia – sempre soube – que viriam coisas melhores para mim. Foco-me no bom. Sou muito focado. Queria ir descansar. Estava rebentado.

As férias contemplativas e tristes

As minhas férias não foram tristes, não foram escondidas nem contemplativas, como se escreveu. Tinha tudo resolvido na minha cabeça e a estabilidade necessária para dormir tranquilo. As minhas férias foram com a Leonor, como todos os anos, com a diferença de ter toda a gente a falar de mim naquela altura porque tinha acabado um “BB”; tinha existido a mudança e a imprensa não facilitou muito as coisas. Muitas vezes, ficar em silêncio custa, mas é a melhor resposta. As pessoas, até saberem tudo, inventam muito. É preciso perceber-se que eu vinha de uma temporada que implicou uma mudança gigante em mim. Não foi um processo fácil. Nas férias, tive uma espécie de “ressaca emocional”.

O (re)encontro com Cristina Ferreira

Apesar de um afastamento, já assumido publicamente pelos dois, sempre soube que nos voltaríamos a encontrar. Disse-lhe isso quando me vim embora da SIC. O reencontro foi de transparência. A Cristina sabe desde a primeira hora que a minha decisão foi a melhor. Quando nos encontrámos, o abraço apagou qualquer mal-entendido que existisse, sendo que a maior parte dele foi inventado pela imprensa. Falámos o que devíamos com a transparência que um e outro sempre tivemos. Para mim, nesta fase há dois reencontros. A primeira reunião e o regresso ao cenário com ela. Quando desci as escadas de “Dia de Cristina” é como se nunca tivéssemos deixado de trabalhar juntos. Temos uma química rara em televisão. Isso nenhum afastamento apaga. Porque é ouro.

Substituição no “BB” por Teresa Guilherme

Quando a Cristina me comunicou a decisão, não me disse quem ia apresentar o programa, mas sabia que seria a Teresa. Sei muito do que pensa a Cristina sobre cada pessoa que trabalha neste meio, onde cada uma se encaixa. Nós falámos muito ao longo do tempo que trabalhámos juntos… Quando me diz que “a TVI tem memória” percebi logo. Não me chocou, nem me podia chocar! Imaginem assim: se ficasse chocado com o facto de a Teresa apresentar “BB – A Revolução”, como não ficaria ela quando soube que eu ia fazer o “BB 2020”? A Teresa faz isto há 20 anos e eu fiz uma edição. O programa não era meu. Foi a Teresa como podia ser o Manel, eu sentiria a mesma coisa. A partir do momento em que não sou eu, a única coisa que desejo é que o apresentador que agarra o formato entretenha o espectador.

Cristina dá não um mas dois programas!

E quem sabe se não me dará mais? Há uma coisa que me ficou muito presente desde sempre: a vinda da Cristina para a direção da TVI não seria prejudicial para mim. Não teria razão de ser, porque a Cristina conhece muito bem o meu trabalho e sabe exatamente o que quero. Ela conhecia-me à distância, sabia mais ou menos o que fazia até trabalharmos juntos. Estar todos os dias a trabalhar com uma pessoa percebe-se quem ela é e o que faz. A leitura que a Cristina fez minha foi exatamente a que fiz dela. Sei quem é a Cristina para lá da apresentadora ou da diretora. Uma das coisas que mais me custou neste processo foi ter de lidar com tudo o que se disse e ficar em silêncio, porque não podia falar sobre o que ia acontecer. Parte do meu silêncio foi decisão da Cristina. Foi clara e disse para eu descansar que ela aguentava e que as pessoas iriam entender com o tempo as suas decisões a meu respeito. E assim fizemos. E chegámos aqui.

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