
Já houve muita especulação sobre o tratamento com psicadélicos usados pelo Príncipe Harry, mas estas substâncias são terapia para depressão grave. E usa-se um tratamento semelhante em dois hospitais públicos portugueses.
O filho mais novo do Rei Carlos III explicou que não conseguia chorar pela morte da sua mãe, Diana. Em entrevista, a propósito do seu livro “Na sombra”, Harry contou ter usado psilocibina, um composto psicadélico encontrado em certas espécies de cogumelos, para ajudá-lo a lidar com o problema de saúde mental. “Eu nunca recomendaria tomar isto de forma recreativa, mas com as pessoas certas, e por uma perda, luto ou trauma, funciona como um remédio”, frisou.
Apesar das controvérsias sobre estes psicadélicos usados pelo Príncipe Harry, com fins terapêuticos, há estudos que sugerem que a psilocibina pode ajudar na ansiedade e depressão. Por exemplo, em Portugal, a Fundação Champalimaud realiza estes estudos. Contudo, Albino Oliveira Maia, diretor da Unidade de Neuropsiquiatria desta instituição, explicou ao Jornal Público, que ainda “não há base legal e regulamentada para a utilização fora dos ensaios clínicos”.
O que se usa em Portugal?
Apesar de não ser uma substância psicadélica, a ketamina tem efeitos semelhantes. O Serviço Nacional de Saúde já a recomenda no tratamento de casos de depressão resistente. Deve ser feita em conjunto com psicoterapia.
No Hospital Beatriz Angelo, em Loures, implementou-se esta terapia no início de 2021. Os pacientes sofriam de depressões graves, resistentes aos ansiolíticos e antidepressivos tradicionais. O Hospital Julio de Matos é outra das unidades hospitalares a usar esta substância. Entretanto, o Hospital São João, no Porto, está em fase de aprovação interna para começar a utilizar nos seus pacientes.
Independentemente dos detalhes específicos do tratamento de Harry, a sua decisão de partilhar a experiência com o público alertou para a importância da saúde mental. E identificou outras opções de tratamento disponíveis.