Cláudio Ramos escreve carta ao filho de Maria Botelho Moniz. Foi no espaço semanal na revista “TvMais” que o apresentador publicou a mensagem especial. Dessa forma, Cláudio deixa algumas palavras ao pequeno Vicente.
Aliás, Maria já reagiu. Através do Instagram, a apresentadora partilhou a página da revista. Além disso, deixou um emoji de coração, a agradecer o carinho. Isso porque Cláudio Ramos escreve carta ao filho de Maria Botelho Moniz. Leia a seguir!
Carta aberta ao Vicente!
Querido Vicente, quando um dia conseguires ler esta carta, que a tua mãe vai guardar dobrada dentro de um livro qualquer, já esses olhos rasgados cheios de curiosidade pelo mundo viram muita coisa, já terás dito palavras bonitas e construído frases. Já conheces a tua família toda e já te deste conta do amor que te rodeia. Quando leres esta carta, ainda serás muito novo para perceber o caminho longo e muitas vezes demorado que a tua mãe fez até chegar aqui. Naturalmente o teu pai também, mas eu, sendo bicho-do-mato, conheço melhor a tua mãe do que o teu pai.
A tua mãe, Vicente (vou tratar-te por tu, mesmo que a família inteira me diga para te tratar por você, pode ser?) esteve todos os dias da tua gravidez ao meu lado. Todos os dias, ainda não eram 8 da manhã, a tua mãe entrava-me no camarim a sorrir. Descobri que ela estava grávida de ti antes de me mostrar no telefone a ecografia, a tua primeira de muitas fotografias. Mas sabes como descobri que a tua mãe estava grávida? Quando a comecei a perceber menos ansiosa, mais tranquila, com os olhos mais sorridentes, mas nunca lhe perguntei porque andava naquele estado de graça. Era importante que as coisas fossem feitas no momento dela, assim como nunca me disse o teu nome até ao dia que nasceste. É um nome bonito. Encaixa-te bem!
“Foste muito amado e desejado”
Os teus olhinhos, nesta altura, são iguais aos do teu pai, és muito parecido com ele. Com o tempo, agarrarás ali uns traços da mãe, mas o que importa não é isso, mas, sim, o que tens dentro desse coraçãozinho pequenino que palpita cheio de vontade de conquistar tudo – na verdade já conquistaste –, mas é importante que escreva estas linhas para que um dia as leias e tenhas a certeza.
Sabes que a minha filha, a Leonor, tem uma carta destas. Escrevi-lhe quando nasceu e outra depois quando fez 18 anos. São fases bonitas da vida e marcantes, para vocês mas também para nós, os pais, por isso, como os teus pais devem estar ocupados a babar por ti e a dormir nos intervalos, escrevo estas linhas para que quando as leres percebas que foste muito amado e desejado ainda antes de existires.
Não sei que sonhos tem a tua mãe para ti, mas sei que o teu pai já te comprou uma mota. E isso deve inquietar a tua mãe, claro, porque olhando para ti, tão pequenino, a caber nas palmas das mãos, e de repente imaginar-te em cima de uma mota, arrelia qualquer um, mas o teu pai é campeão. Campeão do mundo e por isso vais ter de lhe fazer a vontade. Deixa-te sempre guiar pelas tuas vontades, pelos teus sonhos, foi o que fez a tua mãe quando disse ao teu avô que queria ser atriz, fez as malas e foi à procura do sonho em que só cabem poucos. Depois voltou, a vida correu como o destino quis. E o destino, às vezes, prepara coisas boas no meio da dor, ainda és pequenino para perceberes isso, mas um dia vais entender o que te digo.
“O país todo torceu para que viesses feliz e saudável”
O teu parto deu-se muito antes de acontecer, juro! A vida da tua mãe foi, em momentos, dolorosa como se fossem partos sem dilatação e com dor para que ela desse à luz bocados de felicidade que culminou com o teu nascimento. Não sei se os teus pais já te contaram, mas eles conheceram-se há muito anos num programa de televisão, e foi a tua avó paterna que, sem se dar conta, os “empurrou” para os braços um do outro. Durante uma pandemia – Deus queira que nunca saibas o que é – eles voltaram a trocar mensagens na internet, porque a tua mãe, entretanto, mudou de trabalho e reataram o contacto. Já viste as voltas que a vida dá?
Quando eles de reencontraram estava o mundo todo parado e fechado em casa. Agora que me estás a ler já me deves conhecer pela voz, porque eu falei muitas vezes a manhã inteira ao ouvido da tua mãe enquanto tu crescias aconchegado na barriga dela, por isso, não sendo o pai, sou o tio mais próximo.
Foste tão desejado, Vicente, que o país todo torceu para que viesses feliz e saudável. Acredita no que estás a ler, a esta distância parece mentira, sei que sim. A minha Leonor, quando lê a carta que lhe escrevi, acha o mesmo sobre coisas que lá estão escritas, mas é a verdade. Desejo-te, querido Vicente, que só tragas luz e felicidade ao coração dos teus pais, e que tenham sempre um caminho feliz e tranquilo. Lembra-te sempre que qualquer escolha que faças na tua vida tem as suas consequências, não sejas tão impulsivo como o tio Cláudio, pensa bem no que queres fazer e não deixes de o fazer quando tiveres a certeza. Agora dobra a carta, mete-a dentro do livro, para que a tua mãe não se dê conta dos segredos que te contei. É uma coisa nossa, combinado?
Um beijo, meu querido sobrinho!