
Ângelo Rodrigues viajou recentemente para passar uma temporada em Cuba, onde está a fazer um curso de documentário. Agora, o ator decidiu revelar aos seguidores um pouco do filme em que está a trabalhar no país latino-americano. Com fotografias e vídeos dos bastidores, Ângelo mostra um pouco do que o público poderá ver nesta produção.
“”Milagros” marca a minha estreia na realização de documentários em espanhol, sendo uma reflexão sobre como a sociedade ocidental lida com os idosos. É um retrato do amor filial e da velhice, numa sociedade que se habituou a descartar os mais velhos”, revela Ângelo Rodrigues, sobre o documentário que está a fazer em Cuba.
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Recorda a tia, Estrela Novais
Antes disso, o ator aproveitou também para contar um pouco da experiência com a idosa que é a protagonista do filme. “A Milagros convidou-me para entrar em casa logo após nos termos conhecido. Irrompi pela sala pé ante pé como um ladrão de sepulturas, com mais cautela que a Filomena. As palavras saíam titubeantes, consciente de que o meu portunhol estilo Jorge Jesus não inspirava grande confiança. Espreitei o quarto como um leão espia um antílope, hipnotizado pela decadência do lugar. “O que queres saber de mim?”, perguntou a Milagros, ajeitando-se na beira da cama. “Não te importas que fume, pois não?”, continuou. Não precisei de insistir muito, pois palavras não lhe faltavam.”
O ator contnua o relato. “Aos 66 anos, Milagros irradiava a vitalidade de uma estudante universitária, com a energia de uma catraia que explora a vida noturna na capital pela primeira vez. O pai, quase centenário, desafiava todos os estereótipos que associamos à idade. Os dois dentes remanescentes formavam um aqueduto, tornando quase imperceptível tudo o que dizia. No entanto, nada detinha o senhor Ramón de iniciar uma conversa.”
Além disso, Ângelo Rodrigues recordou a atriz Estrela Novais, que morreu em março. “A imagem da minha tia Estrela, que perdi recentemente, ecoava em cada interação com Milagros. Ambas mulheres de fibra, repletas de histórias e sabedoria, agora apenas memórias que habitam no rodapé da minha imaginação. Enquanto registava momentos do quotidiano, testemunhei o poder transformador do vínculo familiar na união entre pai e filha. Através da minha protagonista, fui confrontado com a inevitabilidade da perda, mas também com a beleza da resiliência humana.”