Já parou para pensar em quantas vezes o seu companheiro a convida para fazer amor quando, na verdade, você só quer sexo uma ou duas vezes por semana? Esta situação, a incompatibilidade sexual, é muito mais comum do que se imagina. O terapeuta João Afonso explica: “O homem tem vontade de fazer amor mais vezes do que a mulher porque, para ele, a excitação depende mais de estímulos visuais, enquanto ela sente necessidade de carinho, de estar bem com a vida e com o parceiro”. O especialista afirma que, na maior parte dos casos, este desentendimento é momentâneo. Mas, se isso se tornar um problema frequente na vida do casal, o ideal é procurar um médico.
A contabilista Maria Lopes, 33 anos, casada há cinco, viveu um caso destes. “Nunca consegui atingir o orgasmo na penetração, mas com a estimulação do clítoris alcançava-o sempre”, lembra. “No último réveillon, depois de alguns copos de champanhe e de vinho, convidei o meu marido para ir até ao carro, insinuando que queria fazer amor.” Com os preliminares já avançados, ela teve medo de que alguém aparecesse no local e quis parar. “Acho que ele pensou que eu estava apenas a fingir e que queria fazer sexo, o que o excitou ainda mais. E continuou a penetração sem perceber a minha dor.”
A partir desse dia, Maria ficou traumatizada e evitava ter relações. “Amo o meu marido, mas tenho sempre a impressão de que vai doer muito. Prefiro esquivar-me”, revela. O terapeuta João Afonso afirma que fugir do parceiro costuma ser a principal atitude de quem tem um problema psicológico associado à falta de desejo. “Por isso, existe a necessidade de diálogo, para que, juntos, os dois procurem a ajuda de um terapeuta. Pode ser que tudo o que eles precisam seja apenas de um aconselhamento adequado”, explica.
Quotidiano fatal
Na maior parte dos casos de incompatibilidade sexual, são os pequenos problemas do dia–a-dia que atrapalham o sexo. Não é fácil conciliar trabalho, filhos, família e marido. Todos estes fatores podem interferir no apetite sexual e são apontados pelos especialistas como fortes inibidores do desejo. E o pior: as mulheres, por serem mais suscetíveis aos problemas do quotidiano, ficam expostas a períodos de perda de desejo, diz João Afonso. A solução é investir na relação, ver vídeos picantes juntos e namorar.