João Bettencourt, um dos agricultores que participa do reality show “Quem Quer Namorar com o Agricultor?”, revelou nesta segunda-feira, 22 de abril, a sua história de vida impressionante, numa entrevista intimista a Júlia Pinheiro. Apesar de ter apenas 21 anos, o agricultor já passou por muitas dificuldades na vida. Porém a apresentadora optou por começar a entrevista a falar nas rotinas de trabalho de João no campo: “Lembro-me de fazer muitas atividades de pequenino, ia com o meu pai para o campo…”, contou João.
“Deixei os estudos muito cedo… Porque queria a vida no campo, queria ajudar o meu pai, as coisas não andavam bem e eu dediquei-me de corpo e alma”, contou João, ao falar dos motivos que o fizeram trabalhar com o pai na empresa familiar. “O meu pai, por causa do que aconteceu com a minha mãe, ficou muito desmotivado, e as coisas não estavam a correr bem…”
“Na minha infância eu tinha uma relação mais próxima com a minha mãe”, contou o jovem agricultor, que perdeu a mãe muito cedo: “Não é muito fácil. Eu sabia que ela estava doente. Mas comecei a aperceber-me mesmo quando ela não conseguia sair da cama para fazer as tarefas do dia-a-dia”, disse João. A mãe do agricultor morreu de cancro quando ele tinha apenas 10 anos: “Reagi muito mal. (…) Quando alguém diz-me: ‘Se a tua mãe morresse o que que farias?’ Eu lembro que estava com o telemóvel na mão e atirei o telemóvel para o chão.”
“A partir daí começou a minha rebeldia. Não queria saber de escola, não estudava, já nada para mim fazia sentido”, contou João, que disse que descobriu que a madrinha ficou doente logo em seguida. “Também ela partiu, e piorou.”
Foi quando João revela que mudou o rumo de sua vida: “A vida é assim, vou ter que encará-la de frente.” , disse João que conta que quando as coisas estavam indo no bom caminho veio uma nova tragédia. O agricultor enfrentou ele próprio um cancro no rim.
A doença surgiu quando João tinha 17 anos: “A noite para mim era um pesadelo. Todos os dias, na hora do nosso descanso, eu não conseguia descansar, e no outro dia tinha que continuar a trabalhar.” Porém, João só recebeu o diagnóstico um ano depois: “A minha madrasta zangou-se. Fui a uma consulta com ela, ela estava a ver o meu sofrimento. (…) A minha madrasta teve uma discussão tremenda com a minha médica de família. (…) Fiz o TAC (tomografia computadorizada) e confirmou-se.”
Perguntado por Júlia se teve medo de morrer, a resposta foi: “Sim. (…) Quando soube realmente o que tinha, fui pesquisar e muitas vezes é um erro… (…) Fiquei para aí uns três ou quatro dias fechado num quarto. (…) Precisei de tempo e espaço.” O agricultor conta que depois de pensar, percebeu que tinha que ter foco na cura: “Eu tenho que vencer, se eu não tentar nunca vou saber, então vou tentar e seja o que Deus quiser.”
Então, João fez a cirurgia para tirar o rim e o tumor. Depois, o agricultor passou alguns meses em Coimbra, onde recebeu o tratamento de quimioterapia, inclusive na noite de Natal: “A minha família foi comigo para o hospital. E eu estava naqueles dias que não falava com ninguém… O mal estar, as náuseas, os vômitos, era tudo muito complicado para mim. (…) Eles esperaram, não abriram os presentes, e quando tive alta fizemos o Natal em casa”.
Júlia perguntou então a João se não houve tempo, desde então, para novas namoradas. “Tenho um certo medo de voltar a passar aquilo que passei (…) e trazer alguém para a minha vida para sofrer”, desabafa João, que mesmo com uma vida difícil, continua a ser otimista quando o assunto é o futuro: “Acho que o amor acontece, e quando acontece nós sentimos.”
João revela que o tratamento continua, e apesar de ter medo e reconhecer que a vida foi “injusta”, mantém-se focado nos sonhos: quer abrir um negócio de queijadas e voltar a estudar. “Aprendi com isto tudo a valorizar e aproveitar mais o momento. Quero fazer coisas que eu me sinta bem comigo próprio.”