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Já matou, estrangulou, queimou, chantageou, mas… esta maldade fica-lhe tão bem! Prestes a despedir-se do vilão Gonçalo de “Alma e Coração”, Ricardo Pereira não podia estar mais contente. “Foi uma personagem que me deu um prazer tremendo fazer”, revela, deixando no ar o que vem por aí. “Prepararam algo brutal que me agrada muito… vai ter um final terrível, claro!”. E quem sofre com as suas vilanias só tem elogios a fazer-lhe. “Estava a gravar com a Soraia Chaves [Júlia] e ela disse-me uma coisa muito gira: Foi provavelmente o vilão mais irritante que houve nos últimos anos de dramaturgia televisiva”. E se entre colegas é assim, não têm faltado também manifestações junto do público. “Ele tem um cinismo que é execrável e tem sido das personagens que mais repercussão me tem dado nas ruas.” O ator lembra, satisfeito, a abordagem de (des)agrado. “As pessoas estão habituadas a ver-me no papel do sofredor, bonzinho, e agora foi o reverso da medalha. É um homem que despertou raiva. O público distingue o vilão do Ricardo, mas aborda-me!” E quando encontram a sua mulher, aproveitam! “É giro quando enviam recados pela Francisca, a dizer que se irritam com o Gonçalo!”
“Provoca raiva nas pessoas”
Plenamente convencido de que a missão de autor e ator foi cumprida, diz-se realizado. “Era exatamente esta personagem que queríamos mostrar. Provoca uma raiva tremenda nas pessoas… quase que dá vontade de entrar na história e alertar as pessoas para quem é este Gonçalo”, comenta, divertido, explicando que a maldade do seu vilão fica no set de filmagens. “É uma personagem muito intensa, com muito texto, mas consigo desligar ao fim do dia, quando acabo as gravações.” Mas o trabalho continua muitas vezes noite fora. “Como gravo muitas cenas, às vezes levo-o um bocado para casa porque estou a estudar os textos durante duas horas. Ele estuda as pessoas enquanto fala, o que exige muito trabalho pós-gravações e em casa. A minha carreira vai evoluindo, torno-me mais exigente e não posso falhar.” Por isso, Ricardo também diz “não” a muitos convites, sociais e profissionais. “Há sempre desafios, mas temos de fazer escolhas. Felizmente consigo conciliar tudo”, termina.
Vida equilibrada
Apesar deste malvado exigir muita dedicação, Ricardo dá bem conta do recado. “Não estou cansado. Preparo-me bem, já sei como são novelas, acho que esta é a minha 24ª”, diz o ator, pai de três filhos, Vicente, Francisco e Julieta, que consegue gerir trabalho e família. “Ter tempo para a família é fundamental para o meu equilíbrio emocional.”
Férias, mas antes… mais trabalho
Quando terminar de gravar, vai “descansar um bocadinho”. “Vou de férias”, revela. Mas antes, ainda vai terminar o “Sem Cortes”, programa da TV Globo. “Depois descansar bem… em família e depois a dois [com a mulher, Francisca], porque também é muito importante ter esses momentos nossos.”De volta ao Brasil
A seguir às férias, em julho, espera-o novo projeto no Brasil, como a TeleNovelas já avançou. Trata-se de uma nova versão
de “Éramos Seis”, “uma novela que foi um grande sucesso por lá”, explica. “Nos próximos meses, mudamo-nos todos, de armas e bagagens, para o Brasil. É um trabalho diário e eu tenho de ter sempre a família por perto.”
70 vezes por ano no ar
Com trabalho nos dois lados do Atlântico, Ricardo não pára de voar! “Não faço ideia de quantas horas já passei dentro de um avião.
Sei que neste momento faço uma média de 60 a 70 viagens de avião por ano. Quando estou no Brasil, este número quase duplica porque tenho eventos no país e desloco-me de avião.”
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