A Serra” ainda agora começou e já está envolvida em polémica. Poucos dias após a estreia, a Federação do Folclore Português divulgou um comunicado em que arrasa a representação do rancho na história. “Esta instituição não se revê na forma nem no conteúdo respeitante ao ‘rancho folclórico’ retratado na novela”, pode ler-se numa extensa missiva.
Contactado pela TvMais, Daniel Café, o presidente da federação, reitera que “caricaturar a identidade de uma comunidade acaba por ser uma afronta” e explica em que se baseiam estas críticas. “As imagens do traje estão todas erradas, não é o trajar serrano, as melodias não têm nada a ver com aquela região mas, sim, com outras regiões, nomeadamente o Minho”, diz, dando um outro exemplo: “Na novela, nenhuma das mulheres tem brincos. É fundamental para qualquer grupo de folclore que a mulher tenha brincos. A maneira de trajar, a postura que vimos, as imagens das atrizes trajadas não é serrana, é minhota. Aquela altivez não tem nada a ver com a serra”.
O responsável confessa que, antes de a novela ser gravada, chegou mesmo a ter reuniões com a produtora SP Televisão para uma espécie de consultoria a este núcleo da novela, mas que, entretanto, caiu por terra. “Disponibilizámo-nos para colaborar com eles em tudo o que seria necessário, os trajes seriam emprestados, faríamos uma seleção das modas e das canções, teríamos o trabalho de ensinar os atores, para que fosse fidedigno. Estávamos numa de espírito aberto e colaborativo, não exigíamos nada em troca…”, lembra, ele que diz estar ciente que se trata de um trabalho de ficção e não um documentário, mas insiste: “Ficção não é o mesmo do que falácia e o que está aqui em causa é um engano não só da realidade do que é um grupo de folclore e do trabalho destas pessoas todas”. Daniel Café admite ainda que a federação, ao fazer esta exposição pública, pretende evitar mais situações como esta. “Não queremos alterar nada, porque, apesar de tudo, são livres de prosseguirem com o trabalho da forma como entenderem melhor. Mas se se propuserem a retratar e a fazer um trabalho sério, seremos os primeiros a aplaudir”, finaliza. À TvMais, fonte oficial da produtora SP Televisão dá a seguinte justificação: “A nossa intenção e aquilo que procuramos sempre é honrar os costumes e tradições de Portugal, mas a novela não deixa de ser um produto de ficção”.