Betinha joga tudo para ter o homem que ama. Depois de se declarar ao presidente da Junta, e desolada por ele não a levar a Paris, ela manda-lhe uma mensagem com uma foto sensual, deixando-o perturbado. Por seu lado, quem parece estar muito animada com a viagem à capital francesa é Florinda, que comenta que esta escapadela até pode fazer bem ao casamento deles. “Confesso que não estava nada à espera, Bino”, diz, enquanto se arranja na casa de banho. Focado na foto, ele deixa escapar: “Chiça…! Nem eu!…”. “O quê, Bino?”, vai perguntando ela. “Nada, nada. Estava a dizer que ainda agora começou, vais ver que vamo-nos divertir muito!”, continua ele, enquanto olha para a imagem de Elisabete. Prestes a ir para o quarto, com voz marota, chama-o. “Binoooo…. Estás excitado por estarmos em Paris, é?”, continua ela. “É a excitação de estarmos em Paris, é. Amanhã, ui, amanhã, mal posso esperar.” É então que arregala os olhos ao ver a mulher produzida, pronta para o amor. “Para quê esperar por amanhã… quando temos a noite toda por nossa conta?”. Sensual, Florinda começa a gatinhar sobre a cama e pergunta-lhe se está preparado. Segura, ela anuncia: “Vamos ter a noite de amor que andamos a adiar há tanto tempo…”. Entusiasmado, diz: “Ai Ja-sus!…”
“Tu mandas!”
“Ui, que até senti um arrepio da espinha até ao cucuruto…!”, prossegue ele. A mulher, então, ordena: “Cala-te e beija-me, Bino…”. Rendido, ele adora. “Tu mandas, Nina. É que nem precisas de dizer duas vezes. Sabes que tu, para mim, é só dizeres Bino, faz e o Bino faz. É para beijar? O Bino beija. Ai não que não beija. O Bino…”. E é então que… Albino não consegue fazer amor com a mulher. “Nina, eu… eu nem sei que diga… Isto nunca me aconteceu”, desabafa entre o desconsolo e o choque por não ter correspondido à noite de amor que Florinda esperava. Desiludida, ela tenta consolá-lo para que não se sinta ainda pior. “Eu sei, Bino, eu sei, pronto, não tem mal nenhum, não penses mais nisso.” Mas ele está inconsolável. “Como é que é possível acontecer-me uma coisa destas? Eu sou fogo, Nina, tu sabes que eu sou fogo!”. Garante que aquilo é uma estreia para si e que está cheio de vergonha. “Mas agora o fogo, nicles! Tipo um fosforozito molhado, que não pega. A gente raspa, raspa, raspa, e o fósforo nada! Como é que isto me acontece, Nina? Tu sabes que nunca, mas nunca, nunca, nunca…”. Florinda acha melhor dormirem, mas, como ele se mostra desolado, tenta animá-lo. “Olha, tive uma ideia. Vamos dormir, que precisamos de descanso, e vais ver que amanhã já está tudo bem.” Porém, ele não se mostra nada convencido. “Sei lá se está tudo bem, Nina. Sabes o que é que eu acho que se passa? Jet lag da viagem!”. A mulher já está cansada de tudo e, frustrada, tenta que a noite acabe: “Pronto, está explicado. Agora deita-te, que amanhã de manhã bem cedo temos de estar a pé”. Ainda em choque, o político continua a tentar explicar-se. “Amanhã temos de estar a pé?! Hoje é que devia estar de pé, e nada! Nunca, Nina, nunca me aconteceu uma destas, e tu sabes que é verdade!” Mas ela já não quer mais conversas. “Pois sei, Bino, e também sei que estou cheia de sono. Até amanhã.”