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Será que há limites para o humor, temas que não podem ser abordados com pena de ferir a sociedade? Em “Tabu”, o novo programa da SIC, Bruno Nogueira, o anfitrião, vem dizer que não. É sempre possível brincar, mesmo com temas fraturantes. “Acredito que escolher não fazer humor sobre certos assuntos é por si só uma forma de discriminação, é achar que aquelas pessoas não têm capacidade de ouvir ou de se rir sobre o problema delas”, disse na apresentação do formato. Por isso, aceitou o desafio do canal de Paço de Arcos para rir com pessoas com deficiências, doenças, debilidades. “Para mim, como humorista, foi um exercício muito importante. Talvez se fosse há dez anos não tivesse capacidade de fazer, mas hoje em dia não só foi desafiante como me acrescentou muito. Conhecer as pessoas e as realidades ajuda a relativizar muita coisa, como escrever comédia de stand up sobre temas que, à partida, na cabeça das pessoas, estão barrados é muito libertador.”
O programa, que estreia dia 5 de março em horário nobre, começa com o tema da deficiência física, com um grupo de quatro pessoas a partilharem as suas histórias de vida e a brincarem com o humorista sobre as suas próprias limitações. Sérgio, paralisado depois de um acidente, é um deles. Quando Bruno vira a salamandra para ele, diz com humor que já sente os “joelhos quentinhos”.
No final, Bruno Nogueira faz um espetáculo em que estas pessoas são as protagonistas, mas outros temas se seguirão. Obesidade, doenças terminais, racismo e doenças psíquicas são alguns dos que já estão gravados. E até agora nunca houve desconforto por parte dos participantes. “Eles tinham um cardápio de piadas sobre eles próprios muito maior do que as que nós podemos dizer. A dificuldade, para mim, é estabelecer uma relação de confiança com eles para que percebessem que aquilo não era uma coisa sanguinária de aproveitar as histórias deles mas, sim, para os fazer rir”, revelou o comediante.
O humor com pessoas com deficiência ou debilidades promete agitar a televisão portuguesa, num formato que já faz sucesso lá fora. Daniel Oliveira, diretor de Programas da SIC, afirma que o pequeno ecrã não tem como única função entreter: “A televisão tem também este papel formador, de impactar a sociedade, e temos muito orgulho na forma como este programa está executado e na forma como o Bruno pegou nesta ideia. Sendo um registo em que não o temos visto tanto, entrevistar pessoas, teve a sensibilidade para gerir estas conversas que colocam este programa num patamar de excelência”.