Já depois de ser consultada, o pior cenário concretiza-se. O obstetra entra com um ar carregado e ela percebe de imediato o que se passa. “Podemos chamar o seu marido?”, pergunta o médico. “Não, quero ficar sozinha”, responde ela. Nesse instante, chega Rita, que entra, preocupada e pergunta como está Natália. “Juro que não foi de propósito, foi um acidente… só quando entrou para a ambulância é que tive noção…”, justifica-se. A mãe de Matias não lhe responde e chora, em silêncio. A auxiliar presente no loca, sussurra à adolescente: “É melhor voltar para a sua cama. Continua em choque, disse a senhora enfermeira”, solta. A filha de Gabriel pergunta se partiu alguma coisa, mas esta apenas responde: “Perdeu um filho, coitadinha”. “O Matias? O Matias morreu?”, riposta a rapariga. “A senhora estava grávida…”, dizem-lhe ainda.
Instantes depois, surge Gabriel, que vai a correr na direção da filha e a abraça. Ela diz-lhe estar tudo bem, apenas ter ficado com nódoas negras. Mas, sem que nada o fizesse prever, desata a chorar e justifica-se: “Eu atropelei a Natália. Ela atravessou-se à minha frente… nem sei se foi de propósito mas não consegui travar. É melhor ires vê-la… acho que está mal”. Gabriel fica em choque e pergunta porque é que não o avisaram. “A sua mulher é que o deveria ter feito. Agora, quando ela decide ir embora e assina o termo de responsabilidade…”, anuncia. O psicólogo fica confuso, e tenta telefonar para ela, que não atende. Rita vira-se para o pai e atira: “Quando é que me ias dizer que ias ser pai outra vez?”. Gabriel respira fundo e abraça-se a ela, não conseguindo evitar chorar. Preocupado, sai para procurar a amada.
Exausto, vai até à casa da filha de Ana. Quando se aproxima do prédio, vislumbra um vulto e assusta-se. Corre para junto dele e vê Natália, caída no chão. O brasileiro deixa-se cair, de joelhos, ao lado dela. Não conseguem falar, mas abraçam-se, emocionados. Ele pega nela ao colo e leva-a para a sua casa casa. A fragilidade da psicóloga é de tal ordem, que não consegue agarrar-se ao amado. O brasileiro pousa-a em cima do sofá e os seus olhos estão marejados de lágrimas. “Está tudo bem… vou cuidar de ti…”, promete, pegando no telemóvel para chamar a emergência médica, mas ela segura-lhe no braço e grita: “Não… Não quero!”. Em seguida, começa a chorar e ele abraça-a, com força. “Estou aqui. Shhhh, estou aqui”, murmura. Rita observa-os, em choque.