É uma das concorrentes mais animadas do reality show da TVI. Mas, por detrás do sorriso, Leokádia Pombo tem uma um percurso de vida muito difícil. Na gala deste sábado, 6 de Abril, contou tudo sobre o que viveu. Assim, violência, abandono e fome: tudo isto tornou a vida de Leokádia do “Big Brother” muito dramática.
Natural de Maputo, a participante cedo foi viver para a Beira com a mãe, o padrasto e os irmãos. E ainda em criança passou por muitas dificuldades. “Por vezes não havia nada quase para comer e foi bastante difícil. Chegámos a não ter nada para comer em casa”, conta primeiramente. Em seguida, acrescenta que chegou a comer… ratazanas. “Tem um animal que se chama ratazana que é fácil para se arranjar lá na minha cidade da Beira. Não gostava, mas comia”.
Não obstante tudo o que viveu na infância, aos 18 anos regressou a Maputo para estudar. Mas logo voltou a enfrentar dificuldades. “Fui viver a uma casa de uma prima. Viviam umas 8 meninas. Muitos homens a entrar e a sair, chegaram a aparecer muitos homens interessados em dormir comigo em troca de dinheiro. Me senti um lixo. Há muitas coisas que vi, que não devia ver na altura”, admite.
O pesadelo com o pai do filho
Para além de tudo isto, viveu um novo drama. Mas começou de uma forma feliz. Em Maputo, Leokádia Pombo conheceu o pai do seu filho. “Aí conheci o pesadelo da minha vida”, lamenta. “Me apaixonei. Depois de dois anos, fico grávida. E ele reagiu muito mal. Percebi que a preocupação dele era a reação dos pais”, prossegue. Mas, por esta altura, começou a perceber que algo não batia certo e, acompanhada pela sua família, foi procurar a família do companheiro, que nunca havia conhecido. E tudo correu mal. “Chegámos eu com o meu filho no meu colo e o pai na altura respondeu ‘esta criança, filha de mãe negra não é meu neto não’”.
Só que o pai da criança voltou para junto dela, envolveu-se por caminhos difíceis, drogava-se e acabou por agredi-la várias vezes. “Começou a consumir droga, a beber muito, começou a me agredir fisicamente. É como se estivesse a descarregar toda a frustração que tinha com a família em mim. Tinha muito medo. Havia dias em que fingia que estava a dormir só para não ver que ele chegou em casa. Mas mesmo assim ele me acordou. Mantive-me calada e no silêncio. Chorei tanto na minha vida que já não tenho lágrimas para chorar”, diz.
A vinda para Portugal
Chegou a sair de casa com o filho, mas o companheiro reencontrou-a, deu-lhe falsas esperanças e ela aceitou-o de volta. “Foi o pior pesadelo de sempre. Era discussão todos os dias, até que ele voltou novamente a me agredir. Começou a vender as coisas de casa por droga. Fiquei desesperada”, lembra. O pai de Yannick acabou por ir para um centro de reabilitação e perdeu o contacto com ele. Até que um amigo o viu a vaguear pela rua. “Não quis acreditar e fui ver com os meus próprios olhos e realmente vi ele jogado no chão, todos sujo. Era muito difícil quando meu filho perguntava ‘mãe, pai está onde?’. E não sabia o que dizer”
A última vez que o viu foi há cerca de dez anos. Numa festa de anos do filho, em que este apareceu, mas nem pôde entrar no restaurante. “Peguei Yannick no colo, levei 1 fatia de bolo até ele. Foi a última vez que vi o pai do meu filho. Daí para a frente eu e Yannick sempre foi nós os dois. Mas nunca faltou leite, comida para ele”, continua Leokádia.
Em 2020, quando se impôs a pandemia de Covid-19, perdeu o emprego e chegou a não ter nada para dar ao filho. Nessa altura propuseram-lhe que se prostituísse mas nunca aceitou. Até que, em 2023 veio para Portugal, com 60 euros no bolso. E por cá continua, decidida a lutar para conseguir trazer o filho para junto de si. Apesar de tanta tristeza, Leokádia só quer ser feliz. “Peguei em tudo o que aconteceu na minha vida para ser feliz. Só quero ser feliz”, admite.
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