A apresentadora, esteve no Parlamento a propósito da petição pública que lançou contra o ódio e agressão gratuita na internet. O que exigiu Cristina Ferreira na Assembleia da República. Saiba, em seguida.
“Este debate não se enquadra no registo da figura pública”
“Já passou tempo suficiente para podermos observar e analisar aquilo que tem acontecido. Embora eu seja uma figura pública, deixem-me dizer que este debate não se enquadra no registo da figura pública per si. É sim, pelo facto de todos nós, enquanto consumidores de redes sociais, sermos figuras públicas a partir do momento em que abrimos a porta a que outro nos possa injuriar, difamar e corromper alguns dos direitos que estão garantidos“. São estas as palavras de Cristina, disse em primeiro lugar, no dia em que foi ouvida no Parlamento.
Recebida pela Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, Cristina fez-se acompanhar de Rui Couceiro, editor do livro “Pra Cima de P***”, lançado por em 2020. Foi precisamente tendo por base essa sua obra que a apresentadora decidiu avançar com a petição, que soma mais de 50 mil subscritores.
“O livro é fruto da minha experiência pessoal em relação às redes sociais”
“O livro é fruto da minha experiência pessoal em relação às redes sociais e à forma como hoje em dia elas se encontram”, afirmou. Cristina apela à “necessidade que existe de debate e regulação de um território ainda sem lei”, revelando que “o próprio livro vendeu cerca de 30 mil exemplares” e que “todos os direitos foram entregues a uma associação de combate ao cyberbullying”.
Para travar o fenómeno das agressões e do ódio virtual, a comunicadora sugere que se regule o que se publica na internet. “Deve ser pensada uma entidade reguladora das redes sociais para que as pessoas possam ter um local onde se dirijam caso se sintam ameaçadas, difamadas, injuriadas, o que quer que seja”. Embora estivesse a abordar um assunto que, no seu entender, é comum a todos os cidadãos dos dias de hoje, Cristina não conseguiu evitar mencionar o seu caso pessoal, lamentando a não existência de regulamentação para alguns sites.
“Como sabemos, a Entidade Reguladora da Comunicação Social não tem para já qualquer atividade na regulação das redes sociais. Nem em muitos dos sites que, de alguma forma, pretendem ser noticiosos e sabemos muito bem que não o são e que comprometem as leis do jornalismo, tentando fazer com os seus títulos notícias insidiosas. Aqui já estou na minha versão de figura pública, que sou visada nessas mesmas notícias”, admite, em seguida. A apresentadora acrescenta, por fim, que muitas das pessoas que se pronunciam nas caixas de comentários desses sites são “iletradas”.
“És supérflua, o dinheiro subiu-te à cabeça”
Cristina partilha, com a comissão parlamentar, um dos comentários dirigidos a si, e que consta no livro que define como um compêndio com algumas das ofensas de que foi alvo há cerca de dois anos. “És uma grande vaca. Achas-te tão importante que de importante não tens nada. És supérflua, o dinheiro subiu-te à cabeça. Vai mas é para casa e toma conta do teu filho, aprende a cozinhar e a passar a ferro, sua vaca presunçosa”, reproduz. E explica, em seguida: “Se olharmos para muitas caixas de comentários que hoje em dia estão à nossa disposição de forma livre e aberta, este tipo de comentários existe”.
Por fim, apresentadora lançou ainda um desafio. A necessidade de existir uma discussão a nível global para que a criação de uma rede social esteja dependente do fornecimento de uma identificação. Contudo, Cristina terminou o seu discurso deixando um alerta: “Há um sentimento de impunidade de que ‘eu posso dizer’, ‘eu posso ofender’. A confusão de opinião com liberdade de agressão tem de ser de alguma forma desmistificada”.
“Deveria haver um local onde as pessoas se pudessem dirigir caso se sentissem ameaçadas, difamadas, injuriadas”
Cristina Ferreira
Percorra, por fim, a galeria de imagens. O que exigiu Cristina Ferreira na Assembleia da República
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