Depois de um início de carreira de sucesso em Portugal,
Paulo Rocha mudou-se, de malas e bagagens, para o Brasil, onde o êxito continua. Em “Império”, que a SIC está agora a exibir, teve de esquecer o “sotaque lusitano” para interpretar Orville Neto, um artista cheio de problemas e com muitos esquemas duvidosos.
Esta é a segunda novela de Aguinaldo Silva em que Paulo Rocha entra e o ator descreve-a como “um novelão à moda antiga”, que promete agarrar o público português.
“A minha personagem é um pintor. É casado com a personagem da Cris Viana, que é uma rainha de bateria que eu roubo da Avenida e transformo na minha musa”, explicou Paulo na festa de apresentação da novela no Rio de Janeiro, Brasil.
“Temos um casamento bastante feliz até que se percebe que eu, além de pintar os meus quadros, também pinto quadros dos outros. Isso vai trazer-nos alguns problemas… Depois de ser preso vai acontecer um monte de desgraças”, revelou sobre este seu Orville, um falsificador que vai acabar por trair a mulher com a advogada. Fazer um papel com alguma maldade à mistura é algo que agrada ao ator português.
“É para mudar um pouco a minha imagem de bonzinho, que é algo que tenho no Brasil. Esta personagem é pior, tem uns padrões morais um bocadinho diferentes dos convencionais. Como até hoje nunca fiz uma personagem assim aqui, vai ser interessante poder mostrar esse meu outro lado, essa faceta”, confessou, sublinhando que, contudo, o mais importante continua a ser ter bons papéis, interpretar histórias ricas.
“O que me agrada é fazer boas personagens, sejam elas vilões ou não. Acho que o papel que me trouxe para o Brasil foi exatamente um vilão, em ‘Vingança’, e funcionou. Agora estou a fazer uma que também é meio vilão, com um registo diferente, e espero que funcione também. Estamos a torcer e a trabalhar para isso, eu com a ajuda do resto da equipa toda.”
Vontade de voltar
Apesar de se sentir muito bem no Brasil, onde, inclusive, se apaixonou pela psicóloga Juliana Pereira, Paulo Rocha tem em mente voltar a trabalhar no seu país. Para já, vai aproveitando a boa fase no outro lado do Atlântico, vivendo dia a dia de forma tranquila e dando o seu melhor com esta personagem. “
Moro aqui há três anos e já me sinto bastante brasileiro, mas continuo a ser português. Mas estou totalmente adaptado e muito feliz aqui”, garantiu o ator de 37 anos, confessando que há sempre muitas saudades, principalmente do pai, o cenógrafo e figurinista José Costa Reis, de amigos e colegas de trabalho.
“Mas a vida leva-nos para esses caminhos e aqui estamos.”
O facto de o terem convidado para integrar o elenco de uma novela das 21 horas no Brasil é, para Paulo, sinal de que o seu trabalho é apreciado.
“Sem querer parecer pretensioso, mas é um bocadinho óbvio. Mas eles são sempre muito simpáticos, alguns até já se esqueceram de que eu sou português”, disse o Orville de “Império” que, devido ao volume de trabalho que tem com este projeto, só deverá conseguir vir a Portugal, visitar a família e os amigos, em fevereiro ou março de 2015.
Há um ano, foi sondado para integrar o elenco de “Belmonte”, novela da TVI que recentemente chegou ao fim e que está nomeada para um Emmy Internacional. Não aceitou, mas sentiu-se lisonjeado. “
Tive um convite muito simpático, muito interessante. E para mim foi muito gratificante, apesar de já não estar em Portugal há dois anos, ver as pessoas a lembrarem–se de mim para me darem uma personagem interessante, que era o caso”, confessou o ator.
“É bom, porque estou aqui mas continuo a ser português. A vida só me trouxe para o Brasil agora. Espero que um dia consiga voltar, como o Ricardo [Pereira]
está a fazer agora. Gostaria de tornar a trabalhar em Portugal, e espero consegui-lo. Num futuro próximo não será possível, por causa desta novela, mas depois… acho que sim.”