“Putin, go fuck yourself.” A frase (“Putin, vai-te f****”, em português), dita por Pedro Abrunhosa enquanto interpretava o tema “Talvez F****” no festival AgitÁgueda, a 2 de julho, desencadeou uma espiral de acontecimentos e uma troca de acusações que envolveram não só o artista como também vários outros nomes ligados à área do entretenimento e das artes.
Dias depois de ter manifestado a sua opinião em relação ao Presidente da Rússia, a embaixada daquele país em Portugal emitiu um comunicado no qual criticou o músico por ter condenado Vladimir Putin e, consequentemente, a nação russa.
“As suas palavras, indignas do homem de cultura que ainda por cima representa o País, que está a manifestar-se abertamente contra qualquer tipo de ódio e discriminação, foram ouvidas”, pode ler-se no comunicado, que acrescenta, ainda, em tom intimidatório: “Gostaríamos ainda de relembrar o senhor Abrunhosa que os seus gritos vergonhosos se enquadram em mais de que um artigo da legislação penal portuguesa, sendo que neste contexto informámos através dos canais diplomáticos os órgãos competentes de aplicação da lei”.
Em reação, a Sons em Trânsito, que representa Pedro Abrunhosa, acusou a embaixada russa de defender a censura: “Compreendemos que a Embaixada da Rússia não entenda facilmente o significado de liberdade de expressão, mas não deixa de ser inédito e muito preocupante que um cidadão português, em Portugal, seja assim intimidado por uma representação diplomática estrangeira”.
Uma das primeiras figuras públicas a pronunciar-se sobre a atitude de Pedro Abrunhosa durante o seu concerto foi a atriz São José Lapa. E, ao contrário de muitos que o defenderam, a matriarca da novela da TVI “Quero é Viver” criticou-o. “A minha voz não é a tua voz, Pedro Abrunhosa. Aliás, tu nunca tiveste voz… Nunca! Quanto ao resto, bem podes dizer vitupérios nos teus concertos”, escreveu numa publicação no Facebook.
Em contrapartida, uma série de personalidades do mundo do espetáculo uniu-se em defesa do cantor portuense. “Também nós, artistas, músicos, cidadãos, temos de demonstrar a nossa indignação e estar solidários com o Pedro. Não foi só o artista Pedro Abrunhosa a ser intimidado, foi toda a classe artística nacional. Muitos foram aqueles que no passado lutaram para que vivêssemos em liberdade. Jamais a nossa integridade física pode ser ameaçada por, como diz o Pedro, combatermos bombas com palavras”, lê-se numa publicação partilhada no Instagram por vários músicos e bandas.
Glamour em cenário de guerra
Os degraus ao lado das colunas do complexo presidencial protegidas por sacos de areia por causa dos bombardeamentos. Foi este o cenário escolhido para fotografar Olena Zelenska, que figurará na capa da “Vogue” norte-americana de outubro. Lá dentro, a publicação apresenta outras imagens, não só da primeira-dama ucraniana como também do marido, Volodymyr Zelensky, todas captadas pela consagrada fotógrafa Annie Leibovitz. O trabalho que ainda não chegou às bancas está já a gerar enorme polémica. As críticas de que se está associar o luxo e o glamour à tragédia da guerra fazem-se ouvir.