O debate instrutório do processo do acidente que provocou a morte de Sara Carreira, em 5 de dezembro 2020, começou hoje, com a fadista a acusar o condutor embriagado. À saída do tribunal, Tony Carreira falou. O músico mostrou-se indignado com a atuação do Ministério Público (MP), que acusa Cristina Branco e o ator Ivo Lucas de homicídio por negligência. A decisão do tribunal está, para já, agendada para dia 27.
Esta quinta-feira apenas a fadista prestou declarações. Isto, embora também estivesse presente outro arguido deste processo, Paulo Neves, o condutor que conduzia embriagado a 30Kms/h (o mínimo é 50Kms/h) na autoestrada A1. O carro em que o veículo da fadista embateu.
Faltaram a esta sessão, os outros dois arguidos. Falamos de Ivo Lucas, que conduzia a viatura onde seguia Sara Carreira, com quem namorava; bem como Tiago Pacheco, o condutor que embateu no carro do ator.
Ao tribunal, a fadista explicou como embateu (às 18h30) no veículo de Paulo Neves, que conduzia sob o efeito de álcool, 1,18 g/l ( o dobro do permitido por lei). O seu carro ficou virado em sentido contrário.
Instinto: proteger a filha
Revelou Cristina Branco que saiu do carro levando a filha, então com 11 anos, para o separador central. No entanto, julga ela que se deslocava para a berma da estrada.
A fadista ligou os quatro piscas, contudo não colocou o triângulo na estrada. “Perante as circunstâncias, não consegui sinalizar o acidente”, declarou Cristina Branco. Portanto, o seu instinto foi proteger a filha.
O MP aceitou que seria um perigo até se a fadista fosse colocar o triângulo. Ainda assim, considerou que se esta seguisse à velocidade adequada, tendo em conta o piso molhado, tinha conseguido desviar-se.
Ainda assim, advogada da fadista pediu para que esta não seja pronunciada pelo crime, além de ter defendido que a responsabilidade é de Paulo Neves.
MP não livra Ivo Lucas
De acordo com a descrição do acidente, que consta da acusação, às 18h49 Ivo Lucas circulava pela faixa central (entre 131 e 130 Kms/h), e por isso não conseguiu desviar-se do carro de Cristina Branco.
Tendo, por isso, embatido com o lado esquerdo. Perdeu o controlo do carro e este capotou várias vezes até ficar imobilizado na faixa da esquerda, quase na perpendicular.
Afirma ainda a acusação que, minutos depois, às 18h51, Tiago Pacheco seguia pela faixa central (entre 146 e 155 kms/h) e, mesmo tendo-se apercebido do acidente, não reduziu a velocidade.
Ou seja, ao não ter conseguido desviar-se embateu contra a viatura onde se encontrava Ivo Canelas e Sara Carreira.
O ator não esteve presente para prestar declaração, no entanto, o MP acredita que Ivo Lucas não tem hipótese de ser excluído da culpa da morte de Sara Carreira.
Porém, o advogado do ator pediu a não pronúncia por homicídio. E, à semelhança da advogada da fadista, culpou Paulo Neves pela morte de Sara Carreira.
Condutor embriagado deve ser o responsável
Tony Carreira e Fernanda Antunes, os pais de Sara Carreira, assistiram à sessão. À saída, o músico prestou declarações breves, mostrando a sua indignação.
“Estou aqui simplesmente para ouvir. Dois anos passaram e estou aqui para ouvir e tentar perceber. Não venho para culpar absolutamente ninguém, porque isso não sou eu que farei se for o caso. Quem o fará será a justiça”, disse o músico aos jornalistas.
Ainda assim, referindo-se à atuação do MP concluiu: “simplesmente miserável”.
Isto porque, recorde-se, o representante dos pais de Sara Carreira também apontam a responsabilidade a Paulo Neves, no entanto, o MP discorda.
Sendo que, a advogada do condutor que conduzia embriagado, considera que ele deve responder pelo crime de condução perigosa. Contudo, mantém-se “insuficiência dos factos de crime de homicídio por negligência”.