Judite Sousa expôs os motivos que a levaram a deixar de trabalhar em televisão. Numa entrevista dada a Júlia Pinheiro, na SIC, e reposta no dia 9 deste mês, a jornalista fala do afastamento profissional.
Dessa forma a jornalista justifica a saída da CNN Portugal em outubro do ano passado. “Anunciei que não voltava mais a trabalhar por duas razões”, destaca. Sempre emotiva e com a voz embargada, Judite Sousa expõe publicamente os dois motivos que a levaram a deixar de trabalhar no jornalismo.
A primeira razão.
“Em primeiro lugar, porque depois daquela confusão que aconteceu há seis meses acho que nenhum empregador deste país me dava trabalho. Ponto número um”. A saber que Judite Sousa refere-se à reportagem feita em 2017 em Pedrógão Grande, na qual estava o lado de corpos de vítimas do incêndio de julho.
“Fui cruelmente atacada pelos meus colegas por causa da história de Pedrógão. A crueldade que me fizeram foi obscena. Destruíram-me profissionalmente e emocionalmente. Em 2017 fui assassinada profissionalmente“. Contudo, Judite Sousa afirma estar “de consciência tranquilo” quanto ao trabalho que fez.
“Não mostrei um corpo destapado, mostrei um corpo tapado com um lençol. Não disse se era homem, mulher, se tinha 20 anos, se tinha 70, não disse quem era a família… “, exemplifica. Além disso acrescenta:“Não dei referências nenhumas que pudessem ser questionadas do ponto de vista ético“. Em seguida, assegura que a transmissão das imagens aconteceu com conhecimento dos seus superiores hierárquicos.
A segunda razão
“A segunda razão, e talvez a mais importante, é para deixarem o meu filho em paz, para que o meu filho possa estar em paz onde ele estiver. Não quero ser mais vítima de cyberbullying utilizando o meu filho“. Dessa forma a jornalista recorda André Sousa Bessa, que morreu aos 29 anos no dia 29 de junho de 2014 na sequência de um acidente numa piscina.
“Chegaram a dizer que eu não podia dar notícias de afogamentos porque o meu filho tinha morrido afogado. Isto é cyberbullying!”, exemplifica a jornalista. Em seguida explica que cyberbullying é uma desumanização. “É tirarem-te tudo, a pele os órgão. É utilizarem contra ti os teus familiares mais próximos. E fizeram isso comigo utilizando o meu filho”.
Dessa forma, Judite Sousa procura afastar-se para manter o silêncio á sua volta. Contudo, quando questiona sobre a hipótese de deixar as redes sociais, diz que não o pretende fazer. Afinal, vê nesta forma de comunicação uma forma de combater a solidão em que vive há 8 anos, desde que se divorciou e perdeu o filho. “As redes sociais preenchem um vazio”.
Em seguida veja o testemunho de Judite Sousa sobre o Papa Francisco durante a Jornada Mundial da Juventude.