
1 – Falemos de duas barracadas recentes. Uma, pelo menos de início, deu mais para rir que para qualquer outra coisa.mas deixou, depois , sérias interrogações. A outra é bem mais grave, e lamentável. Refiro-me ao que se passou na Guiné-Bissau. A primeira vez que se ouve, nem dá para acreditar que se passe em 2013. Há muitos e muitos anos que não se ouvian falar deste nível de intimidação e provocação, sobretudo num sector que se tornou particularmente sensível no receio global,como a aviação. É inaceitável que o comandante de um avião comercial seja ameaçado para transportar, pela força, passageiros que ele sabe que não deve ou pode levar. Bem sei que houve pelo meio uma tentativa de suavizar a coisa, referindo que não houve uma real ameaça, dita em voz alta, mas quer-me parecer que a simples exibição de armas faz o trabalho. É ainda mais estranho e grave quando se pensa que foi acto entre dois países “irmãos”, ou que pelo menos falam a mesma língua (estou aliás curioso para saber se será tema a debater na próxima reunião da Comunidade de Países de Língua Portuguesa…) Inacreditável, a todos os níveis. Mas ainda estava para vir o que realmente me faz confusão. As reacções de indignação de muitos guineenses quando souberam que a TAP suspendia os voos para Bissau. De repente, no seguimento da história, parecia que os ofendidos eram os guineenses, e a TAP culpada de algo. Curioso. Alguém se queixou, não sei precisar quem, de inaceitável retaliação. Espantoso. A tripulação de um avião de um país democrático, a tripulação de uma das companhias mais prestigiadas do mundo é ameaçada e coagida a levar a cabo uma acção contra a sua vontade, que todas as leis e convenções internacionais dizem que está errada, mas os ofendidos são os que ameaçaram? Não sabemos ao pormenor se a resposta da TAP foi concertada com o governo (acho difícil não ser), mas até podemos colocar a questão polítco- diplomática em segundo plano. Pensemos apenas: que segurança pode sentir a companhia e os passageirosa que a frequentam, se continuasse a viajar para o país que a tratou assim? O que se passou tinha de ter resposta, e pronta. Pelas mais variadas razões. A primeira, e mais importante, é que os responsáveis pela atitude entendam que não basta proclamarem que vivem num país democrático, que se rege pelas leis internacionais (o que dá muito jeito quando precisam de pedir ajuda) e depois terem atitudes de país isolado do mundo , com leis próprias. Depois, que entendam,pelo menos, que as suas acções têm consequências, e que neste caso, ironicamente, estão sobretudo a afectar os muitos guineenses que andam a viver um transtorno para viajarem para o país.
2- Quem diria, que de um acontecimento global e emotivo, como a despedida de Mandela, viria uma das anedotas do ano? O tradutor de linguagem gestual, afinal, esteve horas a fio a passar mensagens desconexas ou simplesmente erradas, ao mesmo tempo que distorcia os discursos de algumas importantes personalidades de grande peso, como, desde logo, o Presidente dos Estados Unidos. Sabemos hoje que o homem que esteve largos minutos a centímetros de Obama é, afinal, um epiléptico que afrimou depoois nem sequer se lembrar do que tinha feito, ou sequer de ter estado ali…É natural que recorra a problemas de memória, já que se constatou, mais uns dias passados, que se trata de um cadastardo de linha dura, com homicídio e violação no currículo. Pronto, hoje está tudo bem, já passou, ninguém foi atacado. Mas, passado o momento de sorrir com o inesperado da situação, não me admirava que muitos países estejam a questionar por estes dias as autoridades sul-africanas sobre o perigo potencial que ali se correu, apenas porque alguém não investigou suficientemente quem contratava, ou tratou das coisas à pressa.