
1 Ai a minha vida… Mais uma vez, escrevo antes de um importante jogo da Selecção, sabendo que só serei lido depois. Há que tornear a questão. Ir por caminhos que se mantenham de essência inalterável, seja qual for o caso. De estarmos hoje de esperança renascida das cinzas, ou já de queixo caído, cabeça baixa, a maldizermos a história do costume. Que, aliás, nem é a história do costume, o que é curioso. Foi, em tempos. Nos últimos anos, nem por isso, já que a Selecção sempre foi avançando no Mundial e Europeu, com muito sofrimento, emoção e calculadora em punho. Mas lá foi andando. Uns quartos- -de-final aqui, umas meias-finais acolá. Desta vez, receio bem, faremos as malas mais cedo. E logo quando Cristiano Ronaldo achou por bem proclamar, antes da estreia com a Alemanha, que este é o ano da Selecção…Haja o que houver, já sobram perguntas sem grande resposta. O atraso na chegada ao Brasil, para o estágio a sério, ainda por cima para estacionar os jogadores em clima ameno e temperado, quando iam encontrar condições terríveis nos jogos. Terá a ver, só Deus sabe, ou os médicos, com o espectáculo a que fomos assistindo, de jogadores a tombarem ao peso de lesões, que se vieram a revelar duradouras? A de Rui Patrício escapou-nos, mas Hugo Almeida e Fábio Coentrão, como vimos, simplesmente “rasgaram” os músculos. Não tardaram os compreensivos a lembrar que os jogadores hoje em dia têm cargas terríveis de jogos nos clubes, blá, blá… Então, pergunto eu, só os portugueses é que sentem essa carga? E pergunto também se no caso de Coentrão terá mesmo tantos jogos em cima? É que não me parece que tenha sido sempre titular no Real Madrid. Muitas mais vezes foi Marcelo, e é vê-lo a correr. Outro espanto que me assaltou foi o espanto de Paulo Bento com uma certa pergunta após o jogo com a Alemanha. Alguém teve a coragem de lhe perguntar se não era de temer o que aconteceu (expulsão), uma vez que é conhecida a reputação de Pepe. O seleccionador ficou de sobrolho franzido, aborrecido, incomodado, até que finalmente diz ao jornalista que não percebe a pergunta, porque não sabe de que reputação está a falar. Concluímos, pois, que Paulo Bento não soube e não viu, como todos nós, a quantidade de vezes que Pepe foi já expulso, ou aquela inacreditável explosão de raiva quando pontapeou, várias vezes, um adversário caído no chão, num jogo da Liga espanhola. Não tomando a iniciativa de abordar o caso, Bento poderia ter aproveitado para fazer pedagogia. Mas preferiu tratar-nos como imbecis, ao insinuar que a pergunta era imbecil. Não era.
2 Continua a espantosa saga do processo que o casal McCann moveu contra Gonçalo Amaral. Desta vez, Amaral esperou que o casal viajasse mais uma vez para Portugal, para outra sessão do julgamento, para só nesse momento despedir o seu advogado, sabendo que assim a sessão não se efectua, e que tudo fica adiado. Para já não falar do que parece deselegância premeditada, talvez denuncie desconforto e atrapalhação na sua defesa. Estranho querer ganhar tempo. Muito estranho, para quem o ouviu tanto tempo, tão convicto da sua inabalável certeza de que o casal matou a filha. Que afinal não aparece.