COSTA SEGURO

Com as últimas eleições legislativas já lá muito ao longe, com o notório desinteresse que houve pelas recentes eleições europeias, não foi de admirar que houvesse grande sururu por causa dos debates que aí vinham entre António Costa e António José Seguro. Curioso já termos ouvido uns quantos arautos proclamarem o fim próximo da televisão, quando ela exerce ainda e sempre (e cada vez mais) esta força embriagante de palco das batalhas decisivas. São debates que começaram por ser notícia antes de serem debates, tal foi a confusão de reuniões, acertos de datas, sorteios, recuos, exigências. É sempre, e cada vez mais, o momento que os candidatos mais, e supostamente melhor, preparam. Está longe de ser novidade. Já aprendemos há mais de 50 anos, quando Kennedy ganhou antecipadamente uma eleição ao derrotar Nixon em directo perante o olhar do país. A televisão continua a ser a besta mais bestial que existe. Durante todo o ano, os políticos só têm, normalmente, queixas da televisão. Que mostrou isto quando deveria ter mostrado aquilo, que omitiu uma coisa “importantíssima” que o político disse e não foi para o ar. Que não foi cobrir uma iniciativa interessantíssima. Que deu voz a um comentador que disse mal dele. Durante todo o ano, há um jogo de regozijos e amuos, e muito frequentemente, o “esquecimento” de que os órgãos de comunicação social (os sérios, pelo menos) não são necessariamente uma máquina de propaganda partidária. Mas assim que se abre a janela de oportunidade do debate que aí vem, a televisão já é bestial, e vai ser a grande oportunidade para ganhar pontos, primeiro nas sondagens, depois na votação real. É isto, está instituído, e não é exclusivo português. Mas, a cada debate, vou-me perguntando o que trazem eles afinal de tão substancial? Decisivo, importante para números e contagem de espingardas, talvez, mas…de substancial, que nos trazem? Regra geral, do que tenho visto nos últimos anos, o debate serve para um repisar de coisas já ditas. Faz sentido, de alguma forma, porque as “mensagens” de um político jogam-se também, e muito, na repetição de uma ideia. Mas os debates trazem, sobretudo, uma apetitosa antecipação de forma. No caso das primárias do PS, foi notório: depois de meses a mandarem recados azedos um ao outro, como se vão encarar? Quem vai atacar? E como? E quem for atacado, responde na mesma moeda? Ou mostra grande controlo, com um sorriso? No essencial, assim se cumpriu. O que os candidatos disseram sobre impostos, dívida pública, coesão europeia, reforma autárquica, e mais uns quilos dos habituais dossiers, não diferiu muito do que vão dizendo, com mais ou menos insistência, consoante se visitam uma fábrica ou uma feira. Bom, visto por um lado, pode-se chamar-lhe coerência. O que realmente fica não é O QUÊ, mas o COMO. Foi isso que os analistas longamente analisaram, e que os comentadores longamente comentaram. Quem “ganhou” hoje e tinha “perdido” ontem, ou se houve um empate técnico. Veremos se o que fica como saldo dos debates se vai refletir nas eleições de dia 28. E veremos, com grande curiosidade, como vai ser (imagino) a maratona negocial de debates na TV entre os partidos num ano de eleições legislativas. E não apenas mais umas. Eleições que o atual governo foi conseguindo que não fossem antecipadas. Eleições depois de um mandato integral (digo eu, ainda pode acontecer alguma coisa…) num dos períodos mais difíceis de sempre para o país. Será que, mais do que jogar com a realidade, vamos assistir a aposta em “ganhar” debates, que está visto que “ganham” eleições?  

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