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Não há como disfarçar. Ser figura pública tornou-se um fim em si mesmo. É o que atrai, sem sombra de dúvida, os jovens aos concursos musicais. Mais do que a paixão pela música, que em muitos casos não discutirei, os exercícios de karaoke destinam-se sobretudo a tentar elevar o nome acima da linha do anonimato. Mas se este campo é mais claro, o do jornalismo, por exemplo, é mais dissimulado, embora igualmente focado no objectivo. Tenho visto passar pela SIC resmas de estagiários, que aqui chegam porque tiraram cursos de Comunicação. Mas é absolutamente notório que escolheram a área mais pela televisão do que pelo jornalismo. A ideia de “aparecer” no ecrã, mais dia menos dia, é o que move a maioria dos candidatos. Não todos, admito, mas uma clara maioria. Numa sociedade embriagada de comunicação, ambiciona-se destacar-se entre a multidão, termos um rosto e um nome que os outros saibam e reconheçam de imediato. Temos, pois, que está visto que ser figura pública é uma maravilha. Será? Não quero sequer começar a enumerar pequenos episódios que vivi e que fazem pensar duas vezes. Não estou aqui para falar de mim. Vou referir os casos, muito diferentes, de José Carlos Pereira e Bárbara Guimarães. No primeiro, não conheço o jovem actor. Mas mentiria se não admitisse que li uma significativa qualidade de notícias sobre a sua apetência pela boémia, os seus atrasos nas gravações, as suas recaídas constantes nos “vícios”, sejam o que forem. Até posso ser da opinião que o jovem não me parece tão valioso que a empresa que lhe paga tenha de aguentar tantas e tamanhas faltas de profissionalismo. Mas isso é matéria com a qual nada tenho a ver. No entanto, sendo certo que não tenho dele a melhor das impressões, causou-me nojo a forma como foi exposta a dimensão da sua queda no abismo. Todos terão visto umas fotos publicadas por um jornal: o actor fora de si, de ar perdido, a cambalear, e até desmaiado, quis-me parecer. As fotos são nitidamente tiradas por alguém que está mesmo junto a ele, pelo que podemos supor que seria até compincha da festarola. Pelo que se pode supor que o actor até julgaria estar “entre amigos”. Pois este amigo ou amiga fez chegar as fotos ao público, não sendo de estranhar que até já o pensasse fazer quando começou a disparar o flash. É de uma pulhice sem tamanho. E uma crueldade que não deveria ter tido seguimento pelo dito jornal, mas cada um sabe da sua linha editorial, e do seu entendimento do que é jornalismo. Pereira saboreou o lado mais asqueroso do que está reservado às figuras públicas. Acima da devoção do público pela “estrela”, só mesmo o prazer pequenino e medíocre de ver a estrela cair em desgraça. Quanto a Bárbara Guimarães, não entendo mesmo. Vive uma história de horror, com todos os condimentos de violência doméstica continuada, daquelas que ocupam, e bem, destaque de denúncia nos órgãos de comunicação social. Mas, como é estrela do entretenimento televisivo, os episódios lamentáveis e perigosos que vive são atirados para as páginas cor-de-rosa, ao lado do lançamento de um disco, ou da entrevista com um actor. Não, meus caros, a história é da página negra e não da cor-de-rosa. Que ela não seja beneficiada por ser figura pública, parece-me correcto, não é mais do que ninguém. Mas também não pode ser prejudicada como está nitidamente a ser, com uma leveza insultuosa e tacanha.