
1 Diz a notícia que a cena se passou numa aldeia remota do nosso interior, e que o casal era de idade avançada. Quero lá saber. Não há desculpa para a selvajaria. Explico: após uma denúncia, a GNR foi a uma casa. E encontrou o que a denúncia explicava. Um casal de idosos mantinha dois cães com as patas amarradas. As da frente amarradas às de trás. Para “não se mexerem muito”. O resto da cena era a condizer: os animais tinham fome e sede, e patinhavam, como podiam, sobre os seus próprios dejectos. Diz a notícia que a GNR acabou por levar um dos cães dali para fora, mas deixou lá o outro, “porque não estava em tão mau estado como o primeiro”. Deixou-o, pois, às mãos dos que o torturam. E que todos sabemos que continuarão a torturá-lo. Ah, mas a GNR descansa-
-nos, pois adianta que deixou lá o cão, mas continuará a “vigiar a situação”. Eu já não sei mais que diga. E sobretudo não sei porque se aprovam leis na Assembleia para isto. Para continuar tudo na mesma. Para continuarmos a assistir a este massacre de bichos que não se podem defender. Para continuarmos a perceber que continuam por aí os atrasados mentais. Não me venham com a conversa que é numa aldeia, que são idosos, que não sei que mais. Assistimos a cenas de calibre semelhante com qualquer tipo de gente. É inacreditável. Desculpem, mas não sei mais que diga. Corro o risco de já conseguir utilizar linguagem imprópria para ser publicada. A única que me apetece dizer. Não me habituo.
2 O que é que se passa com algumas marcas prestigiadas? Quem pensa em certas campanhas publicitárias? Quem as aprova? Quem são estes génios? O que a Sagres fez com o guarda-redes do Sporting e da Selecção Nacional é inqualificável. Na verdadeira acepção da palavra. Que é aquilo? Quer dizer o quê? É para ter piada? E talvez este seja o maior dos problemas. Como é que ninguém, absolutamente ninguém, em todo o processo, percebe que aquilo não tem sequer pinga de graça? Mais: as marcas de relevo, marcas de responsabilidade, deveriam ter aprendido com aquela palhaçada infeliz que a Pepsi fez com Cristiano Ronaldo. Aquela do boneco cheio de agulhas nos carris do comboio, tipo vudu. Sim, essa bosta, esse hino ao mau gosto, e sobretudo à falta de sentido de humor. É das verdades mais antigas: não tem graça quem quer, mas quem pode. Mas o risco que se corre, ainda se poderia perceber em marcas pequenas, que lutam para dar nas vistas, para criarem coisinhas que sejam faladas, que lhes tragam visibilidade. Essas talvez possam pensar que não existe má publicidade, desde que se fale de nós. Um cliché que me levanta muitas dúvidas. Em marcas como a Pepsi ou a Sagres, é preciso ser-se muito “destemido” (para não lhe chamar outra coisa…) para avançar com este tipo de iniciativa.