O sofrimento e a frustração da filha levaram Julie Loving a tomar uma atitude que muitos podem considerar radical – pouco convencional é com certeza –, mas que para ela fazia todo o sentido e que traduz o imenso amor que tem pela herdeira. Breanna e Aaron Lockwood começaram a namorar durante o liceu e casaram-se em 2016. Ela sempre sonhou ser mãe e as tentativas não tardaram. Contudo, não conseguia concretizar o seu desejo.
Teve uma gravidez ectópica, passou por quatro transferências de embriões que não foram avante e sofreu três abortos espontâneos. Breanna, de 29 anos, estava arrasada e tudo piorou em agosto do ano passado. Perdeu um par de gémeos no terceiro aborto e foi diagnosticada com síndrome de Asherman, uma condição médica que resulta de traumas no útero e que pode causar infertilidade permanente.
O médico sugeriu o recurso a uma barriga de aluguer, mas os custos fizeram o jovem casal colocar a ideia de lado, era financeiramente impossível para eles. Mas Julie não esqueceu essa alternativa e ofereceu-se para receber o óvulo da filha e gerar a neta. “Conversei com o meu marido, o Rick, sobre isso depois do primeiro aborto espontâneo e disse-lhe que, se eles decidissem avançar, eu gostaria de o fazer. Na verdade, mandei uma mensagem à Breanna a dizer isso mesmo. Ela riu-se, mas estava a falar muito sério”, revelou Julie, de 51 anos, à revista “People”. E o plano passou da teoria à prática. “Ver uma filha tão triste durante quatro anos afeta-nos. Então disse-lhe: Deixa-me ser a tua substituta.”
Amor, união e Força
O especialista em fertilidade da família Brian Kaplan defende que as mulheres que fazem gestação de substituição tenham, normalmente, 40 anos ou menos, mas Julie, apesar de já ter passado os 50, sempre fez desporto e foi saudável (correu 19 maratonas e participou em várias provas de triatlo) e, por isso, a sua iniciativa acabou por ser aceite. Depois de vários testes, que passou com excelente “nota”, Julie recebeu, em março deste ano, um embrião gerado a partir do óvulo de Breanna e do esperma de Aaron. “Tive dois filhos e nenhum problema”, disse, sublinhando que avançou para esta gravidez tão especial confiante e positiva. Para alegria de todos, tudo correu bem.
Breanna acompanhou a mãe em todos os momentos, indo com ela a consultas e tratamento e dando-lhe força e apoio no dia do parto, que acabou por se revelar mais complicado do que era esperado. Aaron também fez questão de estar presente e ao lado da sogra que lhes ia dar o maior presente das suas vidas. No dia 2 de novembro, Briar Juliette Lockwood veio ao mundo num hospital em Kankakee, Illinois. Nasceu através de uma cesariana de emergência devido a uma frequência cardíaca irregular repentina após seis horas de trabalho de parto. Para garantir que nenhuma delas corria riscos, aquela era a melhor opção. Esse foi o único ponto do processo que não agradou à avó.
“Não era bem assim que queria que a entrega terminasse, mas a Briar está aqui e a salvo. Isso é que importa. A Breanna é uma ótima mãe. Estamos muito felizes por vê-la de volta ao que era. Mesmo depois de todas as injeções e medicamentos, faria tudo de novo”, afirmou Julie. A recém-mamã está absolutamente radiante. “Faria absolutamente qualquer coisa por esta criança. Os sacrifícios que a minha mãe fez para trazer este pequeno pedaço do céu ao nosso mundo deixaram-me sem fôlego. Ao segurar a minha filha nos meus braços… o meu coração está a explodir”, partilhou Breanna, ela que é uma mãe encantada com a sua bebé: “Tem sido um turbilhão de biberões, fraldas e arrotos. E eu não poderia estar mais apaixonada por este pequeno ser humano”.