A obra, a nona no seu curiculo como escritor, é dedicada à progenitora, que faleceu há um ano, no dia 30 de outubro de 2022. Estamos habituados a vê-lo no papel de pivô do “Jornal da Noite”, da SIC, mas, agora, dá a conhecer um trabalho bem diferente. Rodrigo Guedes de Carvalho apresenta “As Cinco Mães de Serafim” – “Procuro a beleza quando escrevo um livro”.
“Nesta obra estamos no domínio das relações humanas”
O escritor contou com o apoio incondicional da mulher, Teresa Dimas, e de vários colegas da televisão e não só. “Nesta obra estamos no domínio das relações humanas, mas muito particularmente da família. Quando lanço um novo livro arrancado do chão, aos 60 anos, tenho a noção de que um escritor tem muito de médico e que esta vai ser a minha especialidade: dissecar o esqueleto da família ou da noção dela, que é das coisas mais importantes que há”, começa por dizer no dia em que apresentou o novo romance, na Cinemateca Portuguesa, em Lisboa.
Rodrigo não esquece o momento difícil que se vive e faz alusão aos conflitos entre a Rússia e Ucrânia, assim como a atualidade sangrenta entre o estado de Israel e o grupo Hamas. “Dói-me muito estarmos aqui hoje num ambiente de festa, numa semana em que estamos a assistir à face mais visível do Armagedão que se está a passar diante dos nossos olhos. Porque, não depois da guerra da Ucrânia, mas cima dessa guerra, estamos a ver o que se está a passar”, disse, em seguida.
“Não penso no tema do livro quando o estou a escrever”
Sobre a sua veia para a escrita e o já longo percurso nesta área garante: “Não penso no tema do livro quando o estou a escrever. Só penso numa única grande matéria-prima, da arte, que é a procura da beleza. Continuo a achar que a grande fronteira da literatura é a estética. Por isso há livros que são publicados sob o desígnio de romance. O que busco quando escrevo é a beleza incessante, obsessiva. O belo é um princípio orientador, é o meu destino, se possível”, atira, por outro lado.
“Brincava sozinho no meu quarto”
O autor recorda os seus primeiros anos e garante que foi aí que percebeu que a escrita faria parte da sua vida. “Não sei como foi a infância de todos os que estão aqui presentes, mas a minha foi durante oito anos ser filho único. Brincava sozinho no meu quarto. O romancista nasceu aí, eu continuo a brincar sozinho no meu quarto, é isso que gosto de fazer”, revelou. “É na mais tenra idade que se desenham os escritores. Percebi nessa altura – quem vai ser escritor percebe muito cedo –, toda a gente é capaz de tudo. Essa é a gasolina dos romancistas. Ergo livros do nada, é isso que consigo fazer, construo personagens e as estradas por onde eles andam, e essa galeria já vai sendo imensa, existe em mim.”
“A Teresa lê o livro cheia de medo de que eu falhe!”
Na primeira fila desta apresentação, teve a sua companheira e no momento de a elogiar, volta a fazer uma bonita declaração de amor. “Agradeço à Teresa, eu tenho e vivo um autêntico clichê. Tenho uma relação muito longa com uma mulher que amo muito, que tem sido extremamente importante, nem ela sabe quanto! Ela é também (clichê número dois) a primeira leitora dos meus livros. A Teresa lê o livro cheia de medo de que eu falhe! Lê cheia de receio e à procura da falha ‘o que é que ele vai apresentar aos senhores, que vergonha é que nós vamos passar agora quando isto for editado? Vai ser terrível’. Essa primeira atenção dela é muito importante e é o crivo de que eu preciso. Continuamos juntos e, espero eu, nesta vida e na outra”, confidenciou, por fim, Rodrigo.
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Percorra, por fim, a geleria de imagens. Rodrigo Guedes de Carvalho apresenta “As Cinco Mães de Serafim” – “Procuro a beleza quando escrevo um livro”