A jornalista relata tudo sobre a reportagem por si liderada, a propósito da exploração de lítio em Montalegre, que fez cair esta terça-feira o primeiro-ministro. Sandra Felgueiras, lembra, nas redes sociais, o seu trabalho de investigação e a perseguição de que foi alvo
Mas, terá sido Sandra Felgueiras a fazer cair o primeiro-ministro? A verdade é que, conforme a própria divulga, a “primeira página do inquérito que visa o recém-demitido PM é uma reportagem do Sexta às 9″, refere. E continua:” É uma reportagem que desmontou a corrupção em torno da exploração de lítio em Montalegre”.
Contudo, além da reportagem da jornalista no “Sexta às 9” (RTP), as entidades oficiais deram início a um processo de investigação. E hoje, o Ministério Público realizou buscas ao Palácio de Belém e aos ministérios envolvidos no processo.
Por ser alvo de investigação, o primeiro-ministro, António Costa, demitiu-se hoje das suas funções. Foi, aliás, por este motivo que Sandra Felgueiras utilizou a sua página de Instagram para relatar o seu papel neste processo. Mas há mais: neste desabafo, a jornalista ainda manda recado aos jornalistas que calaram o que sabiam.
A reportagem que fez cair primeiro-ministro?
De lembrar, aliás, que a reportagem de investigação de Sandra Felgueiras e da sua equipa foi travada pela direção de informação da altura. Mas leia-se o que a jornalista começou por escrever naquela rede social e cuja ‘missiva’ intitula “Sobre o Sexta às 9 e o tsunami político que atingiu Portugal”-
“António Costa demitiu-se 4 anos depois de ter mandado – por diferentes vias – insultar jornalistas de investigação que iniciaram a investigação que deu origem a este desfecho”, lembrou a jornalista. De seguida refere-se à primeira página do inquérito e continua: “É a RTP que detém esta reportagem. A mesma empresa, onde tive a honra de trabalhar 22 anos e de a ela dar tudo o que sei. Na altura, era liderada por uma direção de informação que travou um programa que tinha essa mesma reportagem antes das eleições de 2019. Essa reportagem só foi para o ar depois das eleições. Essa direção de informação caiu. Mas o facto não pôs fim às suspeitas insidiosas que tentaram por esta equipa na lama”.
Equipa perseguida
Ainda assim, Sandra Felgueiras tem mais para partilhar com o público. Por isso, acrescenta: “Suspeitas inadmissíveis num Estado de Direito. O que aconteceu hoje não foi apenas um tsunami político. Foi um tsunami sobre um sistema de comunicação social que prefere vergar-se ao poder em vez de olhar e cuidar da verdade”.
Contudo, a jornalista lembra que foram muitos os colegas de profissão, a “solidarizarem-se com o boicote da investigação. E questiona mesmo se não sentem vergonha. No entanto, remata: “Hoje ficou claro que o Sexta às 9 nunca perseguiu ninguém. Pelo contrário. O Sexta às 9 ousou fazer o que muitos jornalistas se demitiram de fazer e até ajudaram a tentar boicotar”. E lembra que a equipa que realizou a reportagem foi alvo de perseguição.
No entanto, conclui: “Hoje, o futuro falou por nós. Hoje há muito gente preocupada por aí….gente que sabe o que fez, mas ainda não viu o seu nome no cartaz negro dos suspeitos. Ainda…”